Os produtores Osvaldo de Andrade e Maria dos Santos Andrade moram em Porto Feliz (SP), em um assentamento com mais 82 famílias. Neste local, pela lei nº 4.771, nenhum produtor pode utilizar esta área, porém o projeto do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) permite que as áreas de APP sejam exploradas, devido a isso são plantados palmito juçara, banana, café e hortaliças.
O agrônomo do Itesp, Edevandro Moraes Ruas, explica que a resolução 369 do Conama, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, permite a intervenção em APP.
? A lei abriu pra exploração das entrelinhas por três anos. Então aqui já se plantou abóbora, quiabo, feijão, milho, as mais diversas culturas. Atualmente a lei foi alterada pra cinco anos, e nós esperamos que isso possibilitasse alguma exploração. No caso da juçara, ela vai ficar na mata aqui, vai se reproduzir, que ela possa ser modificada pra exploração permanente da juçara. O projeto de plantio de palmito nesta área é um piloto ? diz.
O Itesp distribuiu aos agricultores do assentamento 400 mudas. A intenção é explorar comercialmente a polpa da fruta, como acontece com o açaí, e as sementes para a produção de novas mudas. Isso deve levar pelo menos cinco anos.
? No começo a gente até ganhou um dinheiro cuidando. Depois a gente plantou também, colheu algumas coisas, então isso ajuda ? conta Andrade.
? Nós achamos que a exploração, conciliando a questão ambiental. E a questão econômica, não deixando o agricultor fora disso, é a condição melhor pra gente restaurar estas áreas e manter esta restauração ? explica o agrônomo.
O assentamento de Porto Feliz tem pelo menos 200 hectares de área de APP e de Reserva Legal. O palmito foi plantado em 10% da área. O profissional conta que as 30 famílias de assentados trabalham, há quatro anos, na recuperação da terra. Os agricultores plantaram 32 espécies de árvores nativas. O palmito agora vai beneficiar pelo menos cinco deles, que são os diretamente envolvidos no projeto. Num calculo bruto, a previsão é que cada família receba R$ 2.500 por ano só com a polpa do palmito.
A produtora Maria dos Santos Andrade não vê problema pois afirma que não é só com a renda que ela e os vizinhos estão preocupados.
? A gente plantou as árvores, ajudou a natureza. Nós hoje estamos precisando plantar. Porque o povo só quer derrubar as árvores e agora nós estamos plantando ? conclui.