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POSITIVIDADE NA LAVOURA

A resiliência do produtor de soja que 'dribla' as dificuldades climáticas no campo

Fábio Eckert compartilha os desafios climáticos enfrentados na lavoura soja, com destaque pra os impactos da seca e das chuvas excessivas

Foto:  Fábio Eckert.
Foto: Fábio Eckert.

Natural de Sertão Santana, no interior do Rio Grande do Sul, desde muito jovem, a agricultura faz parte da vida de Fábio Eckert, produtor de soja. Vindo de uma família de agricultores, ele cresceu no campo e, desde os 5 anos, ajudava o pai no trator, imerso no universo rural. “Sou agricultor desde sempre. Não me vejo fazendo outra coisa. A agricultura está tatuada em mim, é o que eu amo fazer”, afirma, com paixão.

O sojicultor começou a escrever sua história há 30 anos, quando ele e seu pai decidiram investir no cultivo dessa oleaginosa. A família, que já era produtora de arroz, iniciou o plantio de soja na região de Várzea, localizada em áreas de terras baixas a 1 ou 2 metros do nível do mar. Com um experimento inicial de 30 hectares, a produção foi um sucesso, e o resultado foi um aumento na produtividade de arroz na área. Com o tempo, a soja se tornou uma cultura cada vez mais presente em suas lavouras, embora os primeiros anos tenham sido desafiadores, principalmente pela escassez de materiais e tecnologias apropriadas para o cultivo da soja em terras de várzea.

Hoje, Fábio olha para sua trajetória com orgulho. A fazenda, que começou com pequenas áreas, hoje conta com 4 mil hectares cultivados, uma área considerável para a região, e com produtividade de destaque.

“Há 20 anos, a gente plantava apenas 30 a 40 hectares. Hoje, temos uma área de 4 mil hectares com grandes produções. Já recebemos premiações em concursos”, compartilha. Seu compromisso com a evolução é constante. Para ele, a educação contínua é fundamental, e ele não perde uma oportunidade de aprender mais. Participa de palestras, cursos e viagens internacionais para se atualizar sobre o que está sendo feito em outros países, sempre buscando trazer inovações para sua fazenda.

Nos últimos anos, a prioridade de Fábio mudou. Ele explica que, apesar de ter crescido a área da fazenda, nos últimos tempos a estratégia foi focar mais na produtividade e na otimização do uso das terras. “Hoje, o meu objetivo não é mais expandir a área, mas sim melhorar a produtividade. A cada ano, procuro subir a régua em 10%, até atingir o limite da produtividade possível para nossa realidade”, destaca.

A paixão pela agricultura e pelo desenvolvimento de novas técnicas, que ele mesmo ajudou a implementar em sua região, é visível. Para ele, a história da soja na Várzea do Rio Grande do Sul tem um pedaço de sua família, que foi pioneira no cultivo da soja nessa área. “Se não tivéssemos introduzido a soja na Várzea, provavelmente o arroz não seria cultivado da forma que é hoje. A soja fez parte da evolução da nossa agricultura”, conclui.

O clima e a soja: os desafios do sojicultor

Durante sua jornada, Fábio Eckert enfrentou alguns desafios, sendo o clima o principal obstáculo para a agricultura no Rio Grande do Sul. “Nos últimos anos, o clima tem sido realmente terrível, com seca severa no norte do estado, embora, por estarmos em uma terra baixa, a seca não tenha sido tão intensa por aqui. No entanto, ano passado, enfrentamos a catástrofe das enchentes, e minha cidade, que fica encostada na Lagoa dos Patos, também ficou praticamente toda alagada, assim como o restante do estado”, conta o sojicultor.

Ele destaca que, para a soja, o clima é um desafio ainda maior. “A soja é uma planta muito sensível. Se há excesso de umidade, ela morre; se está muito seco, também há prejuízos”, explica. Recentemente, Fábio teve que lidar com uma tempestade de granizo que devastou 20% de sua área de soja. “No dia 2 de janeiro, tivemos uma chuva de pedra que destruiu mais de 400 hectares da lavoura. Foi um golpe forte”, diz, refletindo sobre as dificuldades imprevisíveis que o campo impõe.

Outro grande desafio tem sido a dificuldade em obter seguros para a lavoura. Com o clima imprevisível e os altos riscos, as seguradoras têm se mostrado cada vez mais relutantes em oferecer cobertura para as lavouras no estado. “Está cada vez mais difícil garantir uma apólice de seguro, especialmente aqui no Rio Grande do Sul, onde o clima é tão imprevisível”, observa Fábio.

Além disso, o frio no início de outubro pode colocar a semente em dormência. Para minimizar esses riscos, Fábio utiliza previsões meteorológicas mais precisas, que ajudam a otimizar a janela de plantio, evitando chuva ou seca em excesso. Com o avanço das tecnologias, como plantadeiras mais precisas, o sucesso no plantio melhorou, reduzindo a necessidade de replantio. Apesar dos desafios, ele tem colhido bons resultados, com sua lavoura 80% saudável, exceto por danos causados por granizo, que atingiram 20% da área.

Em meio às adversidades, Fábio mantém uma postura resiliente. “Como bom produtor e agricultor, nunca desisto. Sempre tento fazer o melhor e, mesmo que perca de um lado, sei que posso ganhar de outro. É assim que seguimos em frente”, afirma, com o otimismo que o caracteriza. E, por mais difíceis que sejam os obstáculos, ele segue colhendo bons resultados na sua região.

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