Fernanda Farias, repórter da Expedição Soja Brasil
Hoje eu peço licença pra fazer um relato extremamente pessoal. É que cinco meses depois, termina uma das experiências profissionais mais intensas dos meus 16 anos de jornalismo. Fazia muito pouco tempo que meu contato com o agronegócio havia se tornado além de Expointer e Expodireto, quando embarquei no Soja Brasil. E posso dizer que, hoje, tudo que aprendi fará muita diferença no trabalho daqui pra frente.
É impossível resumir em poucas linhas o que vi em mais de 60 cidades de 9 Estados por onde passei. Conversei com centenas de pessoas que lidam com as dificuldades do campo todos os dias. Conheci agricultores que são exemplos de perseverança e bravura, por conquistarem espaços geográficos desconhecidos. Me surpreendi com jovens orgulhosos da lida na roça e levando pra lavoura conhecimento, inovação, tecnologia. Se eu sabia que a agricultura puxava o PIB brasileiro, hoje tenho certeza que sem ela não existe progresso, não existe futuro.
Mas toda experiência tem dois lados. Pra viver isso tudo, precisei abrir mão da minha rotina, dos amigos, dos meus gatos, das minhas plantas. Precisei aprender a tornar o quarto do hotel – que mudava todos os dias – um pouco a minha casa. Precisei me tornar mais objetiva e prática na arrumação da mala e exercitar o desapego a todas as roupas, sapatos, cremes e bobagens que toda mulher carrega numa viagem. Precisei aprender a tornar uma viagem de 8, 10 horas na estrada algo agradável e divertido, apesar do cansaço. Precisei aprender a conviver 24 horas por dia, 21 dias do mês com as mesmas pessoas.
E foram essas pessoas que tornaram o saldo dessa jornada positivo. Tive a sorte de ter companheiros de trabalho incríveis que me respeitaram, me ensinaram, me fizeram rir, me ouviram e acabaram se tornando pessoas especiais com lugar garantido no meu coração. Fernanda (Triches, editora-chefe), Carla (Oliveira, produtora), Flavinha (Flávia Pereira, produtora) e Rik (Rikardy Tooge, editor do site), obrigada pelo profissionalismo e carinho de todos os dias. Marcelino (Ferreira, motorista) e Edson (da Silva, motorista), obrigada por conduzirem com segurança por milhares de km. Edu (Eduardo Ongaro, cinegrafista) e Robinho (Robson Custódio, cinegrafista), obrigada pela leveza no dia a dia árduo. Seu Áureo (Lantmann, consultor técnico), obrigada pela amizade e pelos ensinamentos de vida.
Posso dizer que hoje termino esse projeto com uma sensação gostosa de saudade. A mesma que senti da minha casa ao longo desses meses. Porque a gente só sente essa saudade de coisas, lugares e pessoas que nos fazem bem.