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Sebastião Garcia, de Capão Bonito
Dois dias em São Paulo e muitas curiosidades para registrarmos no Projeto Soja Brasil. O estado tem hoje 792 mil hectares plantados com soja com uma produção superior a 43 milhões de sacas. Deste total, quase um terço sai da região sudoeste, por onde passamos.

Chegamos na segunda-feira, dia 9 de janeiro, à cidade de Capão Bonito. Uma terra considerada pelos moradores como abençoada. E deve ser mesmo. A agricultura tem história nesta região. Desenvolveu-se com a chegada dos colonizadores japoneses, nos anos 30, que plantavam batata e tomate. As terras hoje são férteis e o pessoal que domina os negócios no campo, é altamente tecnificado.

Os produtores daqui não ficam atrás de ninguém. Produzem muito e bem. Na soja a produtividade chega a uma média de 75 sacas por hectare.  No mínimo, 20 a mais que a média nacional. A força no campo é justificada muito também pelo cooperativismo. A Cooperativa de Agricultores de Capão Bonito representa a maioria dos produtores e tem capacidade para armazenar até um milhão de toneladas de soja a cada safra. Isto é mais de 60% da produção total do município.

De Capão Bonito fomos para Paranapanema e encontramos outra situação exemplar de eficiência na produção agrícola. Por ali, se vê muita plantação de cana ainda, cultura tradicional no estado. Além disso, a mesma fazenda ainda se divide para produzir laranja, algodão, milho, feijão e soja. Nestas terras, a atuação da cooperativa também tem peso nos resultados.

Conversei com o presidente da Cooperativa Agroindustrial de Holambra, Simon Veidt, que representa 37 mil hectares de soja na região, que foi colonizada por holandeses. Ele me garantiu que a média de produtividade da soja ali chega a 67 sacas por hectare. Imagine! Ainda mais considerando que, nesse ano, os produtores priorizaram a semeadura do feijão, porque estava valendo mais. Assim plantaram a soja mais tarde que de costume. E, como se sabe, a soja do tardio perde em produtividade.

Conheci também o Abel, gerente de uma fazenda no município, que decidiu plantar no final de dezembro e ainda está com a soja novinha no campo. O plantio tardio, como fez o Abel e muitos outros produtores de Paranapanema, tem lá suas consequências. Além da perda de produtividade, como já disse, outras duas, pelo menos, bem importantes: maior risco de pragas e doenças e aumento de custos.

O calor e umidade deste período favorecem o aparecimento de pragas como a mosca branca e do fungo da ferrugem asiática. Vimos mosca branca na fazenda administrada pelo Abel. E,  registramos a preocupação dele com o controle também. Só com as pulverizações ele terá um gasto 30% mais alto nos custos de produção. A produtividade mal vai chegar a 50 sacas por hectare. Serão necessários 45 sacas só para pagar os custos.

Felizmente, Abel planejou bem os negócios este ano. A maior parte desta soja ele já tinha comercializado no mercado futuro. Conseguiu R$80 por saca, lá em no meio do ano, quando a cotação estava boa. Assim, mesmo com pragas e doenças, pode se dizer que ele está de boa agora. Surpreendentemente, de boa. O que é o planejamento, né!!

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