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João Henrique Bosco, repórter da Expedição Soja Brasil

Visitar a fazenda Graça de Deus, em Ponta Porã, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, foi revelador para nossa equipe. Ao contrário do habitual nesta expedição, fomos recebidos “aparentemente” por duas meninas. Impressão que logo se desfaz no primeiro contato. São as irmãs Camila de Jesus Oliveira May, 18 anos, e Malena de Jesus Oliveira May, 22, que tocam a propriedade com mãos de ferro. A primeira é técnica agrícola, a segunda estudante de agronomia.

– Eu cursava arquitetura mas gostava do campo. Um dia me dei conta que estava na faculdade errada e que deveria dar sequência ao trabalho da família, iniciado pelo meu bisavô – revela Malena.

As irmãs logo mostraram personalidade. Foram as responsáveis pela mudança de cultura antes exclusiva de gado de corte. Agora já são 560 hectares de soja.

– Logo percebemos que seria um desperdício utilizar um solo tão rico apenas para pasto. Hoje promovemos a integração lavoura-pecuária – conta Camila.

A transição vem dando certo. A produtividade média é de 50 sacas por hectare, considerada boa na região. E não é só isto. Em um ano onde os custos com os insumos castigam os produtores, as irmãs negociaram os insumos antes da alta do dólar, economizando 20%. Também realizaram análise de solo e descobriram que perderiam rendimento utilizando apenas metade da adubação feita na safra passada. Mais um acerto de Malena e Camila. O consultor do Soja Brasil, Áureo Lantmann, saiu de lá impressionado.

– Se o agronegócio depende das novas gerações, por aqui o futuro está muito bem representado – conclui o especialista.

Camila e Malena cuidam da propriedade com mãos de ferro (João Henrique Bosco/Canal Rural)
Camila e Malena cuidam da propriedade com mãos de ferro (João Henrique Bosco/Canal Rural)
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