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Soja Brasil

Clima: maior município produtor de soja do país entra em situação de emergência

Excesso de chuvas está trazendo um prejuízo de R$ 1,5 bilhão ao setor privado, confirma a prefeitura. Soja colhida está muito avariada, confirma produtor

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Imagem da soja dentro do graneleiro. Foto: Wolmar Bedin

Imagine o que chuvas constantes, durante 45 dias seguidos, poderiam causar em lavouras de soja? Pois essa é a situação vivida pelo maior município produtor de soja do país: Sorriso, em Mato Grosso. Por conta dos problemas, a cidade oficializou na última quinta-feira, 11, a formalização da situação de emergência, por meio do decreto 482/2021.

Segundo a prefeitura municipal, a situação de emergência se deu com base no material elaborado de maneira integrada por secretarias municipais, representantes do Sindicato Rural de Sorriso, e compilado pela Coordenação de Proteção e Defesa Civil (Compdec), que integra a Secretaria Municipal de Segurança Pública, Trânsito e Defesa Civil (Semsep).

O documento estima prejuízos na ordem de R$ 1,5 bilhão para o setor privado e em R$ 850 mil para o setor público. O decreto não só torna menos burocrático o processo para recuperação da infraestrutura logística, por dispensar a necessidade de licitação para recuperar pontes, estradas e promover outras obras para restaurar os cenários afetados pelo aguaceiro, como também garante aos produtores a oportunidade de renegociar contratos e dívidas.

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O secretário municipal de Agricultura e Meio Ambiente (Sama), Marcelo Lincoln, acredita que além de afetar a colheita da soja na região, que começou atrasada justamente por conta do clima, há chance para quebra na safra de milho, “visto que plantar a semente com muita água no solo impede que o cereal finque raízes profundas no solo. Se vier um veranico mais para a frente, a planta não sobrevive”, diz.


Foto: Prefeitura de Sorriso.

Para o representante do Sindicato Rural de Sorriso e delegado da Aprosoja, Tiago Stefanello, o documento representa um alento e uma importante ferramenta de negociação para os produtores. “É o momento de negociar, de dialogar e buscar uma forma de reduzir este impacto”.

Produtores têm problemas

Consultados pelo Projeto Soja Brasil, vários produtores relataram não só dificuldade para concluir a colheita da soja, mas também para transportar o grão. Fora a qualidade dos grãos que piorou e trará prejuízos na hora da entrega.

Com muito esforço e, tentando aproveitar cada momento de sol, o produtor Wolmar Bedin conseguiu concluir a colheita da soja na última quarta-feira, 10.

“Tava assim, chovia uns 5 dias e não dava para colher. Aí teve dois dias de sol e choveu mais 7 dias e por aí vai. Foi assim direto, colhia um pouco por dia e foi indo”, afirma Bedin.

Além da dificuldade para colher, o produtor também terá outra dificuldade gerada pelo clima adverso: problemas na qualidade dos grãos. E, nesse aspecto, não tem muito como fugir dos prejuízos.

“Complicado, né. 40% da minha lavoura de soja, colhida durante as chuvas, estava avariada. Na classificação dos grãos, isso gerou um total de 28% de desconto por avarias. Ou seja, dos meus 2,4 mil hectares, 40% tinha soja com grãos ruins. Já nas primeiras áreas que colhi, tinha só 11% de avarias nos grãos”, afirma Bedin.

Soja depois de passar na pré limpeza e secador. Foto: Wolmar Bedin

Uma empresa de classificação de grãos que fica na região confirmou o problema. Segundo o coordenador de administração Steferson Della Flora, haverá muitos problemas no momento dos embarques, devido a má qualidade dos grãos.

“Devido o excesso de chuvas na região a soja perdeu qualidade mesmo. Sem falar no peso, que também tende a ser menor. Temos recebido muitos produtores com problemas”, diz Dellla Flora.

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