ANÁLISE

Colheita de soja: o impacto do clima e as exportações

Atrasos na colheita de soja nesta semana, condições climáticas adversas e variações nas exportações impactam o mercado da commodity

Fazenda Brasnorte - Colheita de soja
Foto: Jorge Pires Júnior

O ritmo de colheita de soja apresenta atraso nesta semana, com 6% a menos em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O estado de Mato Grosso chama a atenção, com um avanço 15% abaixo do esperado, embora tenha mostrado alguma evolução ao longo da semana.

Segundo informações da plataforma Grão Direto, as chuvas na Argentina afetaram negativamente o farelo de soja, impactando os preços da soja em grão na Bolsa de Chicago.

O Copom aumentou a taxa de juros para 13,25% ao ano, visando controlar a inflação. O dólar, por sua vez, registrou retração nos últimos dias, refletindo fatores externos e expectativas fiscais internas.

As vendas de soja dos EUA (2024/25) na semana encerrada em 30 de janeiro somaram 387,7 mil toneladas, 9% abaixo da semana anterior, com a China sendo o principal destino.

Em Chicago, os contratos de soja para março e maio de 2025 registraram leves altas, fechando a US$10,48 e US$10,64 por bushel, respectivamente. O dólar, porém, continuou em queda, a R$5,79, pressionando o mercado físico que segue sem força para consolidar altas.

Veja o que esperar do mercado da soja

O clima seguirá chuvoso na maioria do Brasil, com exceção do noroeste, onde o tempo deverá ser mais seco. Apesar da instabilidade, o sol intercalado favorecerá o avanço da colheita. Se as previsões se confirmarem, as chuvas podem amenizar o déficit hídrico no Sul, ajudando a aliviar o estresse das lavouras afetadas pela seca e altas temperaturas.

Além disso, após ajustes na oferta e demanda dos EUA, o USDA deve apresentar números mais conservadores. Para o Brasil, a produção deve se manter dentro da normalidade, apesar do atraso na colheita, e as projeções de 109 milhões de toneladas anuais devem ser mantidas. Para o mercado mundial, espera-se que a produção ultrapasse os 420 milhões de toneladas.

A La Niña, que favorece o clima no Brasil, pode resultar em uma safra recorde, mas o Sul do país ainda enfrenta altas temperaturas e falta de chuvas. No Rio Grande do Sul, a Emater alerta para perdas em algumas regiões. A Conab mantém a projeção de produção acima de 20 milhões de toneladas, mas o potencial da safra está em dúvida.