O mercado da soja, nas últimas semanas, apresentou movimentos que refletem tanto os fatores internos quanto os externos que impactam a commodity. Apesar de um aumento nas expectativas de exportação para dezembro, os volumes ainda permanecem bem abaixo dos níveis de 2023. Confira os dados da plataforma Grão Direto:
A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) revisou sua previsão de exportações para mais de 300 mil toneladas a mais neste mês, indicando que o comércio exterior da soja se mantém forte, apesar da queda em relação ao ano passado.
No entanto, a recente divulgação do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trouxe mudanças mínimas nas estimativas para a safra brasileira, mas apontou um aumento global nas previsões de produção e estoques, o que teve impacto nos preços internacionais.
Além disso, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa Selic para 12,25%, com novo aumento de 1 ponto percentual previsto para janeiro, reflete as incertezas fiscais que rondam o Brasil e que também influenciam os mercados financeiros.
No mercado de Chicago, os contratos de soja para janeiro e março de 2025 registraram quedas de 0,6% e 0,5%, respectivamente. Já o dólar recuou 0,66%, fechando a R$ 6,03. Embora as cotações em Chicago e o câmbio tenham tido uma semana de queda, no mercado físico brasileiro os preços se mantiveram mistos, sem grandes variações.
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O que esperar para o mercado de soja?
Com a soja entrando na fase de floração, as condições climáticas seguem favoráveis para a maioria das regiões produtoras do Brasil. A expectativa é que as chuvas, embora com menor volume, continuem a garantir o bom desenvolvimento das lavouras. Além disso, a boa reserva hídrica do solo tem suprido eventuais déficits hídricos, mantendo o mercado otimista quanto à produtividade da safra 2024/2025.
A safra argentina também mantém boas perspectivas. A Bolsa de Comércio de Rosário estima uma produção de 53,5 milhões de toneladas, o que mantém o otimismo no mercado. Contudo, as esmagadoras argentinas têm antecipado compras de soja para março com origem no Brasil e Paraguai, aproveitando a vantagem da colheita mais precoce nesses países. Esse movimento tem pressionado os prêmios futuros da soja em algumas regiões do Brasil, especialmente no Mato Grosso do Sul e Sul do Brasil.
Em termos econômicos, o PIB do agronegócio para 2025, projetado pela CNA, deverá crescer 5%, impulsionado pela boa safra de grãos e pela forte atuação das indústrias exportadoras. No entanto, o setor enfrenta o desafio das altas taxas de juros, que devem impactar o custo de financiamento para os produtores e a alavancagem das empresas do setor.
Projeções
O cenário no mercado de Chicago deve continuar com um ritmo estável, com tendência levemente negativa. O câmbio, ainda influenciado pelos fatores fiscais internos, segue como o principal fator de incerteza. Com as perspectivas de uma boa safra, a soja brasileira deverá manter uma posição competitiva, mas as condições macroeconômicas e os preços internacionais de Chicago continuarão impactando os rumos do mercado.