O fenômeno El Niño costuma trazer mais chuva ao Sul do país. Contudo, essa realidade não foi vivida por todos os produtores de soja paranaenses nesta safra 2023/24.
No norte do estado, por exemplo, o estresse hídrico está se fazendo presente em grande parte do ciclo da cultura.
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Ainda assim, duas cooperativas com forte presença no estado estimam que os seus associados consigam manter ou até mesmo superar a produção da oleaginosa frente à última temporada. São os casos de Frísia e Coamo. Já a C.Vale projeta perdas no oeste do estado, mas mantém esperanças para o noroeste.
Safra estável
Com produção em 117,6 mil hectares nesta safra, a Frísia havia anunciado no início de janeiro que os seus cooperados tendiam à estabilidade no número de sacas colhidas, com 69 por hectare, número próximo das últimas três temporadas.
Porém, de acordo com o coordenador de Assistência Técnica Agrícola da cooperativa, André Pavlak, os períodos sem chuvas foram muito prolongados entre o final do ano passado e início de 2024. “Assim, hoje temos regiões com mais de 20 dias sem chuva e com altas temperaturas”.
Segundo ele, este fator interfere significativamente na produtividade. “Por isso, esperamos uma perda do potencial produtivo de 10% em relação à média dos últimos três anos, quando colhemos quatro mil quilos por hectare. Hoje estamos esperando 3.600 quilos por hectare, o que corresponde a 60 ou 61 sacas”.
Mais soja e menos milho
Entre os associados da Frísia, a redução da área de milho primeira safra foi de 11% devido à perspectiva de rentabilidade do grão. Assim, houve uma migração para a soja. Os maiores municípios produtores da oleaginosa entre os cooperados são Carambeí, Tibagi e Ponta Grossa, mas em todo o Campos Gerais há produção do grão.
“Na minha opinião, a maior cautela é em relação ao travamento de custo do produtor, para ele fazer isso de uma maneira consciente e não agregar um risco de comercialização na frente”, destaca Pavlak.
Grandes áreas
Já os cooperados da Coamo possuem área cultivada com soja de 1,826 milhão de hectares no Paraná.
De acordo com o coordenador do Departamento de Suporte Técnico da cooperativa, Lucas Gouvêa Vilela Esperandino, a expectativa atual de produtividade média desta safra é de 3.737 kg por hectare (62,2 sacas).
A expectativa de rendimento nos três estados onde a Coamo está presente (Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraná), cuja área de soja nesta temporada soma 4,275,5 milhões de hectares é, inclusive, menor do que a da paranaense, ficando em 3.653 kg por hectare (60,8 sacas).
Perdas de soja
A C.Vale não divulga a área de soja de seus cooperados, mas, considerando um potencial produtivo entre 65 e 70 sacas por hectare, estima perdas de 15% no oeste paranaense.
“Mesmo assim, nessa região do estado, temos relatos de produtores colhendo mais de 70 sacas. Entretanto, existem outros conseguindo apenas 20”, diz o gerente agronômico da cooperativa, Carlos Konig.
Por outro lado, segundo ele, ainda há bom potencial produtivo no noroeste do Paraná. “Nessas áreas o plantio de soja foi atrasado devido ao excesso de chuva em setembro, mas depois veio a seca. O que vai determinar a produtividade será a chuva que vai cair nesses municípios entre fevereiro e até começo de março”, relata.
De acordo com o 4º Levantamento da Safra de Grãos, divulgado nesta quarta-feira (10) pela Conab, o Paraná deve produzir 21.639,4 milhões de toneladas de soja nesta safra.
Já a área plantada no estado é de 5.810,8 milhões de hectares, enquanto a produtividade média foi apontada em 3.724 kg por hectare (62 sacas).
- A reportagem foi atualizada a pedido da Frísia, que revisou a expectativa de produtividade de seus associados. Antes, a cooperativa indicava estabilidade, mas agora aponta queda de 10% nos rendimentos.