O excesso de chuva que caiu na região sul do Maranhão nas últimas semanas pode comprometer a colheita da safra de soja e já prejudica a qualidade dos grãos no campo. Com uma umidade acima dos 30%, a situação causa colapso nas empresas receptoras e deixa agricultores apreensivos.
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Na propriedade do agricultor Alex Bart, em Balsas, as nuvens carregadas e o tempo úmido não deixam a colheita deslanchar. Dos 4,8 mil hectares cultivados nesta safra, 3 mil estão prontos a mais de dez dias e a alta umidade prejudica a qualidade dos grãos ainda no campo. “Iniciamos a colheita e, desde então, não tivemos um dia de sol sequer. E o pior, não conseguimos completar um dia inteiro de colheita no campo, ficando a maior parte do tempo com as máquinas paradas. Com dez dias a mais de soja no campo, vamos começar a ver se tem abertura das vagens e se as cargas que conseguimos colher estão com avaria na soja, ardido, fermentação que passam dos padrões normais de uma colheita”, disse.
Segunda safra em risco?
Para Barth, além da preocupação com a qualidade da soja, há o risco do atraso na safra do milho. “Hoje, da nossa programação inicial, nós temos praticamente em torno de 25%, no máximo de 30% plantado da nossa programação inicial, então vai entrar março adentro o que já não é uma janela propícia para o desenvolvimento de milho, Então, teremos produtividade mais baixas no milho”.
Na fazenda Cajueiro, o clima também é de apreensão. Após duas semanas de muita chuva, finalmente as máquinas conseguiram entrar em campo e retomar a colheita. Os primeiros 20% dos cinco mil hectares cultivados nesta safra estão prontos e o índice pluviométrico acima da média compromete a produtividade das plantas no campo, como explica o agricultor Daniel Ângelo Grolli.
“O ano passado nós conseguimos tirar 57 sacos por hectare de média neste talhão. Esse ano devemos ficar na casa dos 50 sacos, o que é uma boa média diante de tudo que sofremos.(…) O tempo nos deu uma trégua, agora estamos conseguindo colher, mas a soja já começa a apresentar alguns sintomas de grão ardido com 2,3%, o que nos deixa preocupados, mas estamos avançando e ganhando o máximo de tempo possível rodando a operação como dá para a gente conseguir salvar a soja e conseguir plantar o milho também esse ano, afinal, os contratos de milho e soja já foram feitos e a gente não pode perder a oportunidade de colher e plantar com qualidade”, contou.
A fazenda Cajueiro diz ter como alento uma boa estrutura portuária no estado, que facilita o trabalho de escoamento desse produto. No entanto, há relatos de atrasos e revolta nos pátios das unidades receptoras que não estão conseguindo vencer a demanda de classificação por causa da alta umidade nas cargas de grãos que chegam das lavouras.
“Estamos com dez dias com chuvas quase todos os dias, quando não chove o clima fica fechado, nublado e não avança a colheita, tem muita área dessecada pronta para ser colhida e o produtor não consegue entrar no campo. Já temos relatos de produtores que já deixaram lavouras sem colher e já entraram com milho safrinha em cima porque a soja já estava perdida com muita chuva em cima. Apesar disso, a gente espera que o tempo dê uma melhorada, mas as previsões não são muito animadoras e temos muita chuvas pela frente e muita soja chegando, bastante área para ser dessecada e ser colhida nestes próximos dias, que vai definir se vai ter muita perda ou não”, disse o presidente do Sindicato Rural de Balsas, Daniel Lech.
Apesar dos problemas, a Aprosoja Maranhão acredita que a safra terá crescimento de área e de produção no estado. “Estamos com um milhão de toneladas e esperando em torno de 3 milhões de toneladas de soja, isso nos dá um crescimento na faixa de 7% em relação ao ano passado em área plantada. As chuvas chegaram em um período cedo a soja está se conduzindo razoavelmente bem do jeito que o clima está deixando, mas nada que nos tire a esperança dessa produção e produtividade , disse o presidente da entidade, Wilson Ambrosio.