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Soja Brasil

Como guerra e pandemia afetaram a soja e o milho e o que está por vir

Entenda o comportamento das cotações das duas commodities nos últimos anos e o que esperar para o futuro

Nos últimos três anos, a pandemia e a guerra na Ucrânia impactaram fortemente o mercado de commodities internacionais. O preço do milho mais do que dobrou e o da soja teve uma valorização de mais de 60%.

Em novembro de 2019, antes da Covid se espalhar pelo mundo, o bushel da soja na Bolsa de Chicago estava cotado a 9,39 dólares. Nos primeiros cinco meses de pandemia, a cotação da oleaginosa registrou uma queda de 10,2%, com o bushel cotado em abril de 2020 a 8,43 dólares.

Já com o avanço da pandemia pelo mundo, os efeitos no mercado de commodities foi mais expressivo. Em março de 2021, a soja valorizou 62,8%, sendo cotada a 15,29 dólares.

Depois disso, a Covid-19 pelo mundo foi arrefecendo e a cotação recuou quase 20% em sete meses, chegando a 12,23 dólares em outubro de 2021. Veja:

cotação soja 1

Cenário do milho

No caso do milho, o cenário foi parecido. Antes da Covid, o cereal era cotado a 3,81 dólares o bushel em novembro de 2019. Nos primeiros sete meses de pandemia, caiu para 3,17 dólares, recuo de 16,7% em junho de 2020.

Com o agravamento da pandemia, a cotação mais que dobrou em oito meses, chegando 7,34 dólares por bushel em março de 202, uma valorização de 131%.

Com o recuo da emergência sanitária, a cotação do grão recuou 27%, sendo cotado a 5,34 dólares por bushel em julho de 2021.

Impacto da guerra

Quando os preços começavam a se acomodar, iniciou-se a guerra entre Rússia e Ucrânia em fevereiro de 2022. Os dois países são importantes atores no mercado de commodities.

“Tivemos um pico de preços de milho no mercado internacional exatamente no mês de abril de 2022, há 12 meses, quando já havia eclodido o conflito entre Rússia e Ucrânia. Lembrando que a Ucrânia sempre foi um player extremamente em milho no mercado global, tanto como produtor, mas principalmente como exportador”, aponta o consultor em agronegócio Carlos Cogo.

Com o avanço da guerra, as organizações internacionais tomaram uma série de medidas para garantir o abastecimento mundial de alimentos.

O analista de mercado Vlamir Brandalizze lembra que o mundo estava sentindo a escassez de alimentos. Por isso, a Organização das Nações Unidas resolveu agir e atuar para que as exportações ucranianas fossem liberadas.

“Nós tivemos uma disparada de vendas no final do ano passado, neste primeiro trimestre continuou-se vendendo muito grãos deles. Estão vendendo tudo o que tinham de estoque, liberando, vão fechar a temporada com estoques muito baixos, atendendo ao mercado, o que serviu de apelo para que as cotações em Chicago, que estavam em alta, começassem a se acomodar”, explica.

Preços da soja e do milho durante a guerra

De fato, o mundo parece que se acostumou com a guerra. Desta forma, o mercado foi se estabilizando e os preços, recuando.

No caso da soja, o bushel hoje é cotado a 14,05 dólares, uma queda de 16,8% em relação ao recorde atingido no início da guerra. Veja a evolução no gráfico abaixo:

Já em relação ao milho, a cotação atual é de 5,81 dólares o bushel, 28,7% a menos se comparado ao pico de março de 2022, mas ainda 40% superior aos preços de antes da pandemia:

De acordo com o consultor da Safras & Mercado, Paulo Molinari, um conjunto de fatores provocaram uma “anomalia” de preços globais.

“Uma anomalia não dura para sempre. Ela tem seu prazo de início e de término. E nós estamos nos últimos capítulos dessa anomalia. As cadeias estão trabalhando de forma mais organizada, os insumos começaram a baixar de preço. As coisas começam a se normalizar”, conclui.

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