Um novo fator entra do radar dos sojicultores para a próxima semana. A nova safra dos Estados Unidos pode trazer reflexos para os preços na Bolsa de Chicago. O mercado também acompanha a situação do clima nas lavouras da América do Sul, que já trouxeram impactos para os números de produção na Argentina. No Brasil, o atraso na colheita também preocupa.
Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja na semana que vem. As dicas são do
analista da Safras Consultoria, Luiz Fernando Gutierrez Roque.
– O mercado de soja mantém as atenções divididas entre o clima sobre a América do Sul, sinais de demanda pela soja dos Estados Unidos e a situação dos estoques norte-americanos. Além disso, os players também devem continuar digerindo o relatório do USDA de março. A nova safra dos EUA começa a ganhar a força como fator para Chicago, completando o quadro de fatores;
– O clima para a colheita da nova safra brasileira e para o desenvolvimento da safra argentina continua como o principal fator de volatilidade para Chicago. O excesso de umidade registrado em alguns estados do Centro-Oeste, Sudeste e Norte do país nas últimas semanas vem causando atrasos nos trabalhos de colheita, comprometendo também a qualidade de parte da soja colhida. Além disso, os problemas também trazem atrasos para o escoamento da safra brasileira, refletindo em filas nos portos para exportação. Estes fatos trazem certa sustentação para Chicago, pois o atraso nos embarques ainda beneficia a demanda pela soja dos EUA em um momento onde a demanda chinesa migra com força para os portos sul-americanos;
– De qualquer maneira, embora tenhamos problemas em alguns estados, a tendência é que o Brasil confirme a colheita de uma supersafra, superior a 130 milhões de toneladas. Tal fato impede maiores ajustes positivos em Chicago e no mercado interno brasileiro, com a sazonalidade de entrada de safra começando a pesar. Em contrapartida, no lado argentino, o clima pouco úmido das últimas semanas vem prejudicando o desenvolvimento das lavouras em algumas províncias importantes, o que vem colocando em xeque a produção argentina. Embora grandes perdas não sejam previstas, a tendência já é de uma produção inferior à estimada inicialmente. Tal possibilidade ajuda a trazer suporte para Chicago, impedindo ajustes negativos maiores;
– Com relação ao quadro norte-americano, o USDA surpreendeu ao não trazer um novo corte no estoque final dos EUA em seu relatório de março. Além disso, houve elevação na estimativa para a safra brasileira e para os estoques
mundiais. Embora os ajustes não tenham sido relevantes, tais números são relativamente negativos para Chicago, mesmo que de forma pontual. Apesar de o USDA não ter cortado o estoque estadunidense, este continua bastante apertado.