A moratória da soja está prejudicando a cadeia produtiva de soja e de gado em Mato Grosso mesmo para aqueles produtores que estão cumprindo as determinações do Código Florestal. Essa é a avaliação da deputada Coronel Fernanda (PL-MT).
A parlamentar trouxe o assunto à tona em audiência pública realizada nesta quinta-feira (25), na Comissão de Agricultura (CAPADR) da Câmara dos Deputados.
Segundo ela, o acordo feito pela indústria de óleos vegetais em 2006 com o Grupo Europeu de Consumidores de Soja, mesmo que tenha o objetivo de proteger a floresta, acaba por estagnar o desenvolvimento dos municípios, gerando divisões no campo econômico e aumentando a desigualdade social e regional.
“Essa medida ameaça o direito à propriedade e o progresso econômico do país, e afeta diretamente a vida da população dos municípios e dos produtores rurais,” disse ela.
A deputada ressaltou que o Brasil é o maior celeiro de alimentos do mundo e os produtores têm cumprido rigorosamente o Código Florestal. “A Moratória da Soja precisa ser modificada porque o produtor tem preservado o meio ambiente em todo o nosso país,” completou.
‘Punição injusta’
A deputada ainda mencionou que a produção de soja ocupa 4% do território brasileiro (0,7% do bioma Amazônia), “enquanto os países que estão impondo essa barreira já desmataram mais de 50% de suas áreas. Não é justo que o Brasil seja punido em detrimento de questões comerciais de países europeus,” destacou.
A Moratória da Soja, que conta com o apoio da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), visa combater o desmatamento associado à produção de soja na Amazônia.
Por meio de um sistema de monitoramento via satélite, as propriedades que desrespeitarem as regras estabelecidas pela moratória são colocadas em uma “lista negra”, impedindo a comercialização de seus produtos.
Na audiência, a deputada Coronel Fernanda também destacou a necessidade de encontrar uma solução que concilie a proteção do meio ambiente com o desenvolvimento econômico do país entre o setor produtivo e a indústria de óleos vegetais.
“Precisamos usar a lei brasileira que protege o meio ambiente em prol dos nossos produtores, porque quem produz com base nela deve ser respeitado. Agora, quem age de forma ilegal e irresponsável deve ser punido. Mas não podemos generalizar e punir todos aqueles que cumprem a lei,” enfatizou.
Pedido pelo fim da Moratória da Soja
O presidente da Aprosoja-MT, Lucas Costa Beber, enfatizou a necessidade de acabar com a Moratória da Soja que, segundo ele, não apenas prejudica os produtores, mas também impacta negativamente a economia de municípios e comunidades dependentes do Bioma Amazônico.
“Ela [a Moratória da Soja] beneficia mais os grandes produtores, deixando os pequenos em desvantagem, e a restrição imposta aos pequenos agricultores limita seu crescimento e desenvolvimento.
Para encontrar uma solução de consenso entre representantes dos produtores e da indústria de óleos vegetais, a deputada Coronel Fernanda sugeriu a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para tratar o tema no dia 10 de maio na sede da Aprosoja em Cuiabá, Mato Grosso.