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PÉSSIMAS CONDIÇÕES

'Não chamamos de soja', diz produtor sobre qualidade dos grãos colhidos no RS

Lavoura em Santo Antônio da Patrulha ficou 20 dias embaixo d'água. Produtores não sabem o que fazer com grão podre

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Foto: Reprodução Canal Rural

Lama e poças d’água. É o que se vê na lavoura de soja do produtor rural Dirceu da Costa, de Santo Antônio da Patrulha, no Rio Grande do Sul. O município fica a 80 km de Porto Alegre no sentido litoral e recebeu 1000 mm de chuva apenas no mês de maio, média equivalente do ano inteiro.

Ele conta que começou a colher o grão, mas quando as fortes chuvas chegaram, grande parte da área ainda precisava ser trabalhada. Suas plantas ficaram, ao menos, 20 dias embaixo d’água.

Nesta safra, Costa plantou 1.150 hectares com soja. Nas áreas de várzea, ele produziu arroz por cinco décadas, mas na atual temporada apostou somente na oleaginosa. Replantou duas vezes em função das chuvas de novembro e quando as enchentes começaram, ainda faltava colher 680 hectares. E o pior: somente 200 hectares estavam no seguro.

“Não vou ganhar nada com a soja este ano. O frete, o trabalho de colher, secar, não se paga, mas preciso tirar da lavoura porque em seguida vou plantar azevém e depois tem a entrada do gado. A semente mofada pode fazer mal [ao gado], então preciso tirá-la”, conta.

Não chamamos de ‘soja’ o que colhemos

Foto: Reprodução Canal Rural

Os sojicultores que estão na metade sul também tentam colher, mas a qualidade da soja retirada da lavoura está em péssimas condições.

O produtor Jorge Dutra passou com a máquina em 90 hectares nesta semana e ainda está decidindo o que vai fazer com os grãos que conseguiu retirar.

“Tivemos de nos adequar. Estamos peneirando, secando. Não estamos chamando o que colhemos de ‘soja’ porque a qualidade é horrível. Estamos vendo como podemos comercializar esse produto. Não sei se será ração, apenas depois da secagem é que vamos ver o que se faz”.

Dutra tem silo na propriedade, mas é insuficiente para armazenar a soja. Na empresa onde ele costumava levar, não aceitaram o que ele colheu por conta da qualidade.

“Estamos conseguindo honrar os pagamentos, mas a ‘gordura’ se foi. Ano passado já foi uma parte [das reservas] por causa dos custos. Este ano está indo o resto por causa desse desastre no estado”.

Safra 24/25

O produtor está avaliando como vai semear no próximo ciclo. “A safra 2024/25 vai ser muito complicada por causa da infraestrutura, dos processos de recursos, da estrutura a ser reconstruída porque sabemos de produtores que perderam tudo”.

Já Dirceu Costa afirma que a atual safra foi a pior que ele já produziu nos últimos 50 anos. “Certamente foi a pior safra. Foi ruim de plantar, pior ainda de colher. Mas agora vamos de novo. Eu já sou calejado: planto arroz há 54 anos. Este ano plantei apenas soja, mas no ano que vem volto a plantar um pouco de arroz que é garantido”.

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