O Rio Grande do Sul tem mais de 7 mil campos de soja inscritos para a produção de sementes (460 mil hectares), correspondendo a 14% de toda a área semeada no país, de acordo com a Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul).
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Diante da catástrofe climática que se abateu sobre o estado, o setor é um dos que mais sofreu os impactos. Quando as enchentes iniciaram, ainda faltava colher aproximadamente 30% das lavouras de soja destinadas à produção das cultivares para o ciclo 2024/25.
“Tivemos poucas janelas de colheita nesse período, alguma coisa conseguiu se tirar do campo, porém está se avaliando se isso vai ter qualidade fisiológica, se vai ser possível utilizar. Então vai ter sim um impacto e ele vai ser significativo na produção de sementes”, diz o diretor executivo da Apassul, Jean Carlos Cirino.
De acordo com ele, a entidade ainda está mensurando o tamanho dos estragos. “O Rio Grande do Sul envia muitas sementes para outros estados, somos um grande estado exportador ao redor; mais de 50% do que o Rio Grande do Sul produz é para suprir a demanda de outros estados”.
Produção de sementes reduzida
O multiplicador de sementes do estado, Arno Costa Beber, explica as prováveis perdas de cultivares. “Considerando a soja indústria, são muitos campos inscritos para sementes que não foram colhidos e já estão deteriorados. Então temos uma quebra de 20% a 30% no volume e são principalmente de cultivares de ciclos mais longos, a partir de 6, 6-1, 6-2 , 6-5, que são os mais afetados neste momento”.
Já no Paraná, a área destinada para a produção de sementes é de 263 mil hectares, 8% da produção total brasileira. Para a Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (Apasem), não deve haver grandes impactos na oferta do produto em nível nacional.
“Quando falamos em volume total disponível, já temos um impacto, mas talvez ele não seja tão grande quando analisamos o número geral. Porém, quando se começa partir para cultivares específicas, grupos de maturação mais precoces, médios e tardios, acredito que haverá um impacto de oferta no mercado”, diz o presidente da entidade, Romildo Birelo.
O presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Ronaldo Troncha, admite que restrições na oferta do produto preocupa. “Mas graças a Deus o Rio Grande do Sul tem áreas que se livraram dessa região [alagada] e tem estados que podem estar suprindo e auxiliando, como os estados do Paraná, de Santa Catarina, que tem climas e regiões muito parecidas com as do Rio Grande do Sul e que podem suprir essa demanda”.
Abastecimento garantido
Apesar da produção de sementes no Rio Grande do Sul ter sido afetada pelas fortes chuvas, a Apassul afirma que o abastecimento no mercado está garantido no mercado.
“Essa questão não vai impactar em falta de abastecimento. Pode ser que o agricultor não tenha à disposição aquele cultivar pontual que ele busca, mas semente de qualidade, com certeza, ele vai encontrar no mercado”.