Não há limites para o potencial humano. Quando o assunto é agricultura, essa máxima é elevada à décima potência. Exemplo disso é o que fez um produtor de soja do estado da Geórgia, nos Estados Unidos.
Em 23 de agosto, Alex Harrell quebrou uma marca que vinha sendo mantida há sete anos: maior produtividade em um hectare irrigado. Ele colheu impressionantes 231,8 sacas da oleaginosa, ultrapassando, com folga, o detentor do recorde anterior, o produtor do mesmo estado Randy Dowdy, que havia alcançado 213 sacas de soja em 2016.
De acordo com o agrônomo de extensão de grãos da Universidade da Geórgia, Richard Roth, responsável por administrar o concurso de produtividade do estado, a produção do vencedor foi pesada três vezes em balanças certificadas e os seus grãos possuíam cerca de 14% de umidade.
“O rendimento médio da soja na Geórgia é de cerca de 45 bushels por acre (3.024 kg/ha – 50,4 sacas), então o que Alex fez nos mostrou qual pode ser o potencial genético da soja neste ambiente. Ele nos mostrou algumas técnicas que podemos usar para melhorar os rendimentos”, destacou Roth.
Características da produção de soja
Para sua inscrição no concurso, Harrell escolheu uma área de quatro hectares equipados com pivô dentro de um campo arenoso de 24 hectares. Após a amostragem do solo em grade no outono passado, foi aplicada cal em uma taxa variável. Em seguida, o campo foi semeado com uma mistura de culturas de cobertura de inverno de aveia, centeio, triticale e rabanete.
Antes do plantio na primavera norte-americana, o campo foi arado para preparar o canteiro de sementes. Gesso e cama de frango também foram aplicados no pré-plantio.
O produtor campeão selecionou Asgrow AG48X9 (Bayer) como sua variedade de soja. Ele plantou em fileiras de 30 polegadas a uma taxa de semeadura de 85 mil sementes por acre em 5 de abril.
Tempestade quase atrapalhou
“No plantio, tivemos uma mistura de ácido húmico, ácido fúlvido, produtos biológicos e PGRs”, disse ele. “Também administramos todos os nossos nutrientes – NPK&S e todos os nossos menores – em um sistema 3 por 3 no plantio.”
No dia seguinte à semeadura, Harrell disse que uma “chuva torrencial” caiu na lavoura, o que causou preocupação. A contagem final foi de 77 mil plantas por acre.
Todas as segundas-feiras, desde a emergência até o campo ficar dessecado, Harrell coletava amostras semanais de tecido que usava para informar sua aplicação de nutrição durante a estação.
O controle de ervas daninhas foi obtido com aplicações dos herbicidas XtendiMax e glifosato. Revytek, da Basf, foi o principal fungicida empregado por Harrell. O controle de insetos foi executado em um programa de “tolerância zero”.
“Os percevejos são um grande problema na Geórgia, junto com as lagartas. Eu não queria que nenhum rendimento fosse perdido para um inseto”, disse o produtor.
Filosofia do produtor
Harrell cultiva junto com o seu pai soja, milho, trigo e melancia em cerca de 1.2 mil hectares. Até pouco tempo, ele usava quase o dobro dessa área e produzia, também, algodão e amendoim.
“Optamos por reduzir nossa área plantada e estreitar nosso portfólio de culturas. Começamos a nos concentrar em maior retorno sobre o investimento por hectare e rendimentos mais elevados”, conta.
Assim, ele e o pai empregam uma regra de 3 para 1. “Se não estiver me devolvendo US$ 3 para cada US$ 1 que gasto, não estou ganhando dinheiro.”
O atual campeão de produtividade reconhece que o seu grande mentor é o detentor da marca anterior. “Ele me deu algo para perseguir e lutar na Geórgia. Se ele conseguiu, eu sabia que também conseguiria.”
Repercussão do recorde de soja
Embora a indústria da soja dos Estados Unidos não organize um concurso nacional de produtividade – como acontece no Brasil – as notícias sobre o feito de Harrell foram recebidas com entusiasmo pelo setor.
“O que é mais emocionante do que um potencial novo recorde mundial para a soja?” disse a porta-voz da American Soybean Association (ASA), Wendy Brannen. “Estamos muito satisfeitos por Alex e toda a sua operação por terem conseguido implementar práticas agrícolas excepcionais e demonstrar quão eficaz a produção de soja nos Estados Unidos pode ser.”