O clima favorável estimulou o plantio da soja em Campo Novo dos Parecis, oeste de Mato Grosso. A umidade do solo animou os produtores.
“Está sendo o suficiente para ter um bom desenvolvimento nesse estágio inicial da cultura. Estamos agradecidos pelo clima. Precisamos que seja um ano bom, já que os custos estão elevados e o preço da soja está aquém do que precisávamos. Então, realmente precisamos colher bastante para a conta fechar no azul”, diz o presidente do Sindicato Rural do município, Bruno Giacomet Gonçalves.
Segundo ele, 60% dos 390 mil hectares destinados à oleaginosa já foram semeados. Contudo, se no clima a perspectiva é positiva, a comercialização não tem animado.
Prejuízos na venda
A estratégia de armazenar a safra 2022/23 de soja na esperança de preços melhores não gerou o efeito esperado. Agora, produtores mato-grossenses já calculam perdas de até 20% em comparação à época da colheita, nos primeiros meses do ano.
O produtor Antônio César Brólio, por exemplo, segue atento ao mercado para não repetir o baixo desempenho da safra passada, quando precisou negociar as últimas 30 mil sacas por 40 reais a menos cada do que planejava. “Agora, queremos vender o mais cedo possível para, pelo menos, fechar os custos”.
Soja represada
Em Vera, norte de Mato Grosso, também tem agricultor decepcionado com a desvalorização da soja. Na propriedade de Thiago Strapasson, cuja área destinada ao grão na safra passada foi de 1.320 hectares, ainda restam 15 mil sacas para serem vendidas. A decisão de aguardar melhores preços tende a trazer prejuízos.
“Hoje se fala em 115, 116 reais a saca e a nossa expectativa era trabalhar com cerca de 140 porque o custo foi alto. Houve uma desvalorização muito grande em cima de nosso grão. Tivemos que guardar em armazéns e colocar nas mãos de trades para esmagar esse grão para termos espaço e ficarmos só com o milho. Então tenho um período de 30 dias para fazer a venda dessa soja”. Strapasson ainda não conseguiu fechar nenhum contrato antecipado.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), 91,8% da produção 22/23 do estado foi vendida. Isso significa que cerca de 3,7 milhões de toneladas de soja ainda estão represadas à espera de compradores.