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Soja Brasil

Soja: falhas de plantabilidade geram prejuízo de R$ 70 mil a cada 100 hectares

Até 4 sacas de soja por hectare são perdidas com uma planta a menos por metro quadrado

A combinação entre qualidade de sementes e plantabilidade é a base da produtividade da lavoura. Esta foi a constatação dos palestrantes de um dos painéis do IX Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja 2022, realizado em Foz do Iguaçu (PR) de 16 a 19 de maio.

Em uma das apresentações, o pesquisador da Embrapa Soja, José de Barros França Neto, falou sobre a importância da utilização de sementes de alta qualidade. Ele mostrou resultados de pesquisa que indicam aumento de produtividade de 10% em plantios com sementes de alto vigor.

semente de soja
Foto: Reprodução Canal Rural

França Neto apresentou dados da Associação Brasileira de Semente de Soja (Abrass) e da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) que indicam que 65% das sementes de soja utilizadas no Brasil são oficiais e certificadas e 35% são sementes salvas, produzidas pelo próprio sojicultor, ou são ilegais. Ele também mostrou resultados da avaliação feita em 2.532 amostras de sementes coletadas em diferentes regiões produtoras ao longo de quatro safras. Destas, 45% apresentaram nível de vigor alto ou muito alto, enquanto 55% foram classificadas com nível de vigor médio ou baixo.

“Temos um vasto campo para melhorar nossas sementes. É possível ter ganhos de 10% a 15% na produtividade. De graça, o Brasil pode aumentar sua produção em 7 milhões de toneladas. Isso com sustentabilidade, pois não vamos fazer nada de mais”, disse o pesquisador.

Ajustes na plantabilidade

Assim como a qualidade de semente é um ponto importante, garantindo a melhor germinação e emergência, com menos tempo e com estande adequado de plantas, a plantabilidade também é um fator decisivo. “A prioridade da lavoura é a semente. O máximo potencial produtivo está quando ela está armazenada. Dali para a frente, cada manejo, cada operação reduz esse potencial. O trabalho do produtor é gerenciar para reduzir as perdas”, disse o consultor e um dos painelistas, Marcos Leal.

Um exemplo numérico da importância dos cuidados com a plantabilidade foi mostrado por França Neto. O pesquisador calculou as perdas geradas por uma planta de soja a menos por metro quadrado. De acordo com ele, cada falha por metro quadrado causa perda de 180 a 240kg de soja por hectare (de três a quatro sacas). Considerando o preço da saca de soja em R$ 190, são R$ 70.300 que o produtor deixa de ganhar em 100 hectares ou R$ 703 mil a cada mil hectares.

Foto: Carlos Santos

Em seguida, o consultor Marcos Leal mostrou a importância da regulagem da semeadora em diferentes condições de palhada no solo, conforme a lavoura anterior. No caso da semeadura pós-algodão ou em sistemas de integração lavoura-pecuária, com palhada de braquiária, os cuidados devem ser ainda maiores para evitar sementes fora do sulco ou plântulas com crescimento retardado devido obstrução da palha.

Representante da John Deere, o painelista João Paulo de Freitas destacou quatro fatores que são os pilares agronômicos para o sucesso da semeadura: janela de semeadura, distribuição uniforme das sementes, emergência uniforme das plântulas e a população correta de plantas. Ele mostrou tecnologias existentes nos maquinários que auxiliam o produtor a ter maior eficiência em cada um desses pontos.

No caso do melhor aproveitamento da janela de semeadura, ele mostrou que os fatores que interferem na capacidade operacional são a largura do implemento, a velocidade e a eficiência operacional. “A eficiência operacional é onde se pode melhorar mais facilmente. Mas, para isso, o primeiro passo é medir e identificar onde ocorrem perdas de tempo e onde é possível ser mais eficiente”, afirmou Freitas.

Embora a tecnologia existente hoje auxilie o produtor, os painelistas destacaram que é preciso fazer o uso correto dos recursos disponíveis, ficar atento às regulagens e manutenções dos equipamentos. “O mais importante é construir uma equipe. Podemos comprar a máquina que quisermos e sementes de qualidade, mas precisamos de uma equipe capacitada para fazer a semeadura bem feita”, ressaltou o consultor Marcos Leal.

 

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