A podridão das vagens e de grãos da soja, também conhecida como anomalia da soja, é uma doença relativamente nova no Brasil, que passou a ter certa expressividade há cerca de três anos.
Geograficamente, sua ocorrência ainda é bastante restrita a regiões produtoras de Mato Grosso, principalmente em municípios da BR-163, no médio norte do estado. Apesar de ser um problema aparentemente pontual, ela traz uma série de preocupações.
Segundo dados da Embrapa, essa região corresponde a 31% da área semeada de soja do estado e os relatos de perdas pela doença variaram de 16% a 30% na safra 2021/2022, com um potencial de perda de 59 milhões de sacas.
“Por ser ainda um problema muito novo, precisamos descobrir muito sobre esta doença e seus vetores. Há diversos estudos e pesquisas em curso, e a comunidade científica já produziu grande conhecimento sobre a doença, mas há muito ainda a se descobrir de fato”, ressalta o agrônomo e gerente de Desenvolvimento de Produto da Ihara, Andrey Boiko.
Segundo ele, o que mais preocupa sobre a podridão é a gravidade do problema tanto no que se refere à produtividade quanto em rentabilidade das áreas atingidas.
“Também há o receio de que ela se espalhe rapidamente para outras regiões do país, como já temos alguns relatos de produtores de Ariquemes (RO), Sul do Pará, Gurupi (TO), Pedro Afonso (TO) e Luís Eduardo Magalhães (BA)”, explica.
Apoio dos fungicidas
Ainda que as pesquisas estejam buscando respostas exatas para minimizar o problema, diversos estudos convergem para a contribuição dos fungicidas na redução da severidade da doença e nos danos que a podridão da soja pode causar nas lavouras.
Um exemplo disso é o recente estudo realizado pela Rede da Podridão das Vagens, com nove instituições em diversas regiões, que comprovou que o Sugoy, quando comparado com a testemunha, apresentou alta eficiência no controle, redução da incidência da doença, menor percentual de grãos avariados e níveis superiores em produtividade.
Dicas ao produtor de soja
Os agricultores das regiões mais afetadas precisarão iniciar a proteção das lavouras pela busca de cultivares com menor suscetibilidade para a doença, além de estar atentos para o tratamento de sementes e planejamento adequado do plantio, visando janelas que favoreçam menor ocorrência da doença, de acordo com Boiko.
Segundo ele, também deverão monitorar mais atentamente a fertilidade do solo, as condições climáticas e outros fatores que possam propiciar condições favoráveis ao patógeno.
“A antecipação da entrada de fungicidas, atenção rigorosa ao intervalo entre aplicações e a seleção de produtos de boa qualidade e amplo espectro fará toda a diferença no manejo preventivo e no controle da incidência, amenizando a severidade da doença e as perdas na lavoura”, finaliza o agrônomo.