Em seu segundo levantamento para a safra de soja 2020/2021, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que o país poderá colher 134,9 milhões de toneladas do grão, ampliando ainda mais a perspectiva de outubro, que era de 133,6 milhões de toneladas. A entidade considera que houve uma bom retorno das chuvas e, consequentemente, do ritmo de plantio e que a regularização das chuvas a partir de agora preservará a qualidade das lavouras.
“Em outubro foram registradas precipitações abaixo das médias históricas em praticamente todo os estados produtores da oleaginosa. Na segunda quinzena do mês houve ocorrência de precipitações mais volumosas, amenizando a situação de calor e baixa umidade registrada no solo, propiciando, de uma maneira geral, o início da normalização dos trabalhos de semeadura. Com a regularização do clima a partir deste mês, é esperada produção recorde de 134.953,2 mil toneladas, representando incremento de 8,1% em relação à safra passada”, afirma em seu boletim.
A área de cultivo da soja deve ficar em 38,2 milhões de hectares, 3,5% maior que no ano passado. Em outubro a previsão era de uma área de 37,8 milhões de hectares. Já a produtividade deve chegar a 58,80 sacas por hectare, 4,4% maior que na safra 2019/2020, que era de 56,31 sacas por hectare. Neste quesito a entidade baixou levemente a perspectiva atual em relação a de outubro, que era de 58,81 sacas por hectare.
Quem teve a previsão elevada
Dos 20 estados acompanhados pela Conab, nenhum teve sua projeção revista para baixo. Aliás, 8 deles tiveram suas previsões de produção elevadas, se comparado ao relatório de outubro:
Tocantins
Deve produzir agora um total de 3,570 milhões de toneladas, 0,3% menor que a safra 2019/2020 (3,581 milhões de toneladas), mas a frente das 3,563 milhões de toneladas de outubro.
“Em Tocantins, por ser uma região de fronteira agrícola, estima-se para a safra 2020/21 aumento de área em torno 2,1%, podendo apresentar incrementos nos próximos levantamentos. Os eventos climáticos que vierem ocorrer nas próximas semanas serão decisivos para que esse aumento ocorra, já que a previsão climatológica indica que as chuvas só devem se intensificar a partir da segunda quinzena de novembro. Veranicos neste período podem atrasar o plantio e influenciar os agricultores na tomada de decisão sobre o aumento ou não de novas áreas”, afirma a Conab.
Maranhão
Teve a sua projeção de safra elevada para 3,165 milhões de toneladas, 1,1% a mais que 19/20 (3,130 milhões de toneladas), e também maior que as 3,094 milhões de toneladas de outubro.
“No Maranhão, a semeadura das lavouras na região sul do estado se encontram relativamente atrasadas em relação à safra 2019/2020, uma vez que não foi iniciado o período chuvoso que normalmente ocorre na segunda quinzena de outubro. De acordo com informações de colaboradores, há uma tendência de avanço na área plantada dessa oleaginosa, na ordem de 4% a 6% em relação à safra anterior, ainda não computado neste levantamento. Estima-se um aumento na área plantada de 2,5% em relação à safra 2019/2020, passando de 976,4 mil hectares para 1.000,8 mil hectares”, diz a entidade.
Piauí
O estado deve produzir algo em torno de 2,703 milhões de toneladas, elevação de 5,5% ante as 2,562 milhões de toneladas de 19/20 e também a frente dos 2,675 milhões de toneladas de outubro.
“No Piauí, o plantio da soja iniciou na última semana de outubro, após o encerramento do período de vazio sanitário e quando a umidade do solo apresentou condições mínimas para a operação. Para a safra 2020/2021 deve ocorrer um aumento na área de soja de 5,2% devido à abertura de novas áreas e migração de áreas de milho e algodão para soja. Dessa forma, espera-se que a área de soja alcance 798,4 mil hectares.”
Bahia
Segundo a Conab o estado tem potencial para produzir até 4,8% mais soja do que em 19/20 (6,122 milhões de toneladas), chegando a 6,415 milhões de toneladas. Em outubro a previsão era de 6,360 milhões de toneladas.
“Na Bahia, o plantio iniciou em outubro, com o fim do período de vazio sanitário nas lavouras irrigadas, cuja semeadura avança rapidamente. Com a chegada pontual das chuvas, iniciou o plantio de sequeiro em algumas localidades, estimando-se menos de 2% da área prevista. Calcula-se que 42% da safra 2020/2021 já tenha sido comercializada por meio de contratos barter, venda antecipada ou travamento de preço. A forte demanda pela soja e a alta nas cotações, pode influenciar a redução na área de milho em favor do cultivo da soja”, diz a Conab.
Goiás
A produção de soja do estado pode chegar a 13,431 milhões de toneladas em 2020/2021, 2,1% a mais que as 13,159 milhões de toneladas de 19/20. E também a frente dos 13,392 milhões de toneladas da previsão de outubro.
“Existem relatos de baixos volumes ou ausência de chuvas em regiões isoladas do sudoeste e norte goiano. Nesses municípios as porcentagens de áreas semeadas seguem baixas e ocorrem interrupções de plantio. De forma geral, porém, a semeadura se encontra dentro da normalidade, até o momento, com o solo já apresentando teor de umidade ideal para a germinação das sementes na maior parte das áreas produtoras. Apesar do atraso, é cedo para estimar alguma consequência para os cultivos de segunda safra, principalmente para o milho”, afirma a Conab.
Minas Gerais
Teve a sua projeção de safra elevada para 6,311 milhões de toneladas, 2,3% a mais que 19/20 (6,172 milhões de toneladas), e também maior que as 5,757 milhões de toneladas de outubro. Foi uma das maiores revisões em relação ao mês anterior.
“Em Minas Gerais, após o resultado do primeiro levantamento, com certa indefinição devido ao clima, a Conab esteve em campo para investigar sobre a redução de área apontada em outubro. Com isso, a área de soja em Minas Gerais foi revisada, e deverá apresentar aumento de 7% em comparação com a safra anterior.”
Paraná
Deve produzir agora um total de 20,151 milhões de toneladas milhões de toneladas, 6,7% menor que a safra 2019/2020 (21,598 milhões de toneladas), mas a frente das 20,131 milhões de toneladas de outubro.
“No Paraná, o plantio se encontra em andamento, mas atrasado em relação às últimas safras. A estiagem que tem acometido o estado não favoreceu o plantio em setembro, e diversos produtores ficaram receosos em plantar com níveis muito baixos de umidade no solo. Com o advento das chuvas, e caso a partir de agora as condições de luminosidade ao longo do ciclo sejam favoráveis, este atraso poderá ser compensado. O potencial produtivo mantém-se. As lavouras estão em boas condições, e a expectativa é que essas chuvas que estão ocorrendo, mesmo de forma irregular, aconteçam nos momentos certos, sem que a produtividade da leguminosa seja afetada”, diz a Conab.
Rio Grande do Sul
Depois da forte quebra ocorrida em 2019/2020 é esperado que o estado consiga uma forte recuperação nesta nova safra, atingindo o maior incremento de produção do país. Com isso, a estimativa é que o Rio Grande do Sul produza 19,957 milhões de toneladas em 2020/2021, 74,4% a mais que as 11,443 milhões de toneladas do ano anterior. Em outubro a estimativa apontava para uma safra de 19,452 milhões de toneladas.
No Rio Grande do Sul, a semeadura foi iniciada em outubro, mas em virtude do severo estresse hídrico estadual, evoluiu muito pouco. Até o momento, apenas 5% da área prevista foi semeada (safra passada era 10%), e essas lavouras aguardam as chuvas para iniciar a germinação. Como está no início da janela de semeadura, ainda não há motivos para preocupação, já que historicamente a semeadura se concentra em novembro e, caso haja umidade no solo, deverá evoluir dentro do esperado. Os produtores, já estão com os insumos comprados, aguardando condições climáticas mais favoráveis. A expectativa de plantio para esta safra foi ajustada para cima em 2,6%, chegando a 6.055,2 mil hectares, seguindo a tendência de aumento dos últimos anos.”