Com mais da metade da safra de soja negociada antecipadamente, os produtores brasileiros já começam a olhar para os preços do grão em 2021. De maneira geral, a tendência, segundo a consultoria StoneX é positiva para o Brasil, com a saca podendo permanecer acima dos R$ 100. Já as cotações na Bolsa de Chicago, dependem de algumas variáveis.
A preocupação dos produtores, em relação aos preços, se intensificou neste momento devido as cotações da soja acumularem quedas consecutivas na Bolsa de Chicago. Segundo o analista da consultoria Jonas Pizzatto destaca algumas razões para isso ter acontecido.
“Tivemos algumas baixas nas cotações em Chicago por conta do retorno das chuvas no Brasil, que tranquiliza um pouco o mercado. Também por causa dos problemas de relacionamento entre China e EUA, ainda não sabemos como o novo presidente irá tratar dessa relação, ele já até falou que manteria as tarifas, mas os democratas costumam ter um tom mais ameno”, diz Pizzatto.
Vale lembrar que essa nova tensão começou na semana passada, quando o governo norte-americano acusou a China de ser um país que manipula o câmbio. A acusação foi divulgada em um artigo publicado pelo secretário de comércio americano e gerou desconforto.
O analista de mercado ainda destaca um terceiro fator baixista para as cotações da soja na Bolsa de Chicago.
“Um outro fator também teve peso nessas baixas das cotações, foi a taxa de esmagamento de soja da China, que vinha em um ritmo excepcional, mas acabou diminuindo. Como a China está bem abastecida, a demanda deu uma esfriada agora. Com isso tudo, os fundos acabam usando o momento para realizar lucros”, afirma.
Preços em 2021
De fato, Pizzatto comenta que já não há muita soja para o Brasil ao exterior vender em dezembro e, até mesmo, em janeiro de 2021.
“Em dezembro o Brasil deve vender muito pouco, ou quase nada. Em janeiro também devemos exportar pouco, já que não teremos colheita. A China está bem abastecida agora, mas isso não significa que a demanda deles será menor, tanto que as projeções já mostram que eles devem comprar mais de 100 milhões de toneladas em 2021”, conta.
Para Pizzatto, qualquer problema na safra de soja 2020/2021 no Brasil pode fazer com que as cotações subam no próximo ano.
“Temos que olhar para o clima no Brasil. Por enquanto as projeções para a safra ainda superam as 130 milhões de toneladas, mas a safra não está definida e tendo algum problema aqui na América Latina, a tendência é as cotações em Chicago e os prêmios subirem”, conta.
Entretanto, o câmbio pode ser um limitante, ainda mais se alguns fatores colaborarem.
“O câmbio que tem registrado alguma quedas já. E, caso o Brasil siga o plano e consiga as vacinas, assim como não rompa o teto nos gastos públicos, o câmbio poderia cair mais. Mas de maneira geral, não vejo espaço para os preços caírem muito, podendo ficar acima dos R$100 por saca aqui no país”, diz Pizzatto.