Responder as dúvidas dos leitores e telespectadores é uma das missões do Canal Rural e do Projeto Soja Brasil. No Rural Notícias desta quarta-feira (22), o produtor Cristiano Decio, de Piquiri, no Paraná, enviou a seguinte pergunta:
“Tenho um financiamento para pagar no dia 05 de maio e gostaria de saber se compensa vender soja agora ou espero. Aqui em Piquiri o valor da saca está R$ 147,00 e meu custo foi de R$ 175,00”.
Para ajudá-lo, o consultor e analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, foi chamado. O especialista ponderou que o sojicultor cometeu o erro de não travar o seu custo no início da produção.
“Já sabíamos que teríamos custos elevados em todo o Brasil. O segundo problema que leva a um momento difícil no caso da soja é que estamos colhendo uma safra muito grande no Brasil e é exatamente isso o que está pressionando o preço”, explica.
Segundo ele, a Bolsa de Chicago e o câmbio não afetam as cotações no momento, visto que estão parelhos. “O mercado não consegue fugir da sazonalidade de entrada de safra, ainda mais diante de uma acima de 150 milhões de toneladas. O pior momento para vender soja é quando ela está caindo, ou seja, neste momento”.
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Roque explica que a tendência é de continuidade de queda de preços, visto que a pressão de entrada de safra vai continuar pelas próximas semanas ou, até mesmo, meses. “Dificilmente o produtor vai obter um preço melhor do que tem agora em curto prazo”, afirma. “Apenas se o dólar subir muito ou Chicago se recuperar de alguma forma, o que acho que não vai acontecer, pode trazer um respiro para a cotação. Tirando essas surpresas, as cotações brasileiras tendem a continuar caindo”.
O consultor explica que se Decio vender a soja e aplicar o dinheiro até maio, data em que precisa arcar com o financiamento, deve ganhar pelo menos 1% em uma renda fixa livre de riscos. “A não ser que ele queira apostar em uma alta de curto prazo na soja, algo que vejo uma possibilidade muito pequena de acontecer”, conclui.
Custos da próxima safra de soja
Para a safra 2023/24 de soja, Roque acredita que os custos de produção não devem crescer de forma significativa, ao contrário do que ocorreu da temporada 2021/22 para a 22/23. “Se trabalharmos com o mesmo câmbio, temos uma tendência internacional de preços mais baixos, principalmente em relação aos fertilizantes”, contextualiza.
Sobre os preços da soja disponível para este ciclo, o consultor de Safras & Mercado acredita que continuarão pressionados até, pelo menos, o início do segundo semestre deste ano. “No segundo semestre, podemos ter uma recuperação dos prêmios de exportação porque haverá menos oferta disponível no mercado, ou seja, a oferta vai sendo consumida e mais no final do ano esse número vai diminuindo”.
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