Na região oeste da Bahia, principal produtora de soja do estado, as chuvas dos últimos três meses compensaram o estresse hídrico que afetou a fase de plantio no final do ano passado. A equipe do Projeto Soja Brasil foi até Luis Eduardo Magalhães conferir como está a safra por lá.
O que era apenas um povoado à beira de uma rodovia nos anos 1980, em menos de 20 anos se transformou na capital do agronegócio na Bahia. Conhecido como a pérola do oeste, Luís Eduardo Magalhães fica a 900 km da capital salvador e hoje já tem quase 100 mil habitantes.
O produtor Leandro Kohn foi um dos muitos agricultores que vieram do Rio Grande do Sul para produzir grãos no estado. Quando ele chegou, há 15 anos, sofreu muito para encontrar uma casa.
“Fiquei semanas rodando a cidade para poder encontrar uma casa que coubesse minha família. Não que sejamos muitos, mas realmente não tinha nada por aqui. Estava todo mundo chegando ainda, Tinha uma corrida muito grande aqui na cidade”, afirma Kohn.
O produtor planta quase três mil hectares de soja. E, vendo a lavoura toda verdinha, fica difícil acreditar que no mês de dezembro não caiu uma gota d’água.
De uma maneira geral nessa região da Bahia, as chuvas chegam com mais intensidade e continuamente a partir de janeiro, fevereiro e março, ajudando as lavouras plantadas em dezembro a se recuperarem, como aconteceu na propriedade de Kohn.
Por lá média esperada para a soja de sequeiro é de 70 sacas por hectare. E nas regiões que são irrigadas, a média sobe para 85 sacas por hectare. Mas um outro detalhe é que está chamando mais a atenção do produtor.
“O peso da lavoura sempre foi 180 gramas a cada 1.000 sementes, né. Esse ano o que a gente constatou nos primeiros números foi a elevação do peso para 228 gramas, então é um incremento satisfatório na produtividade final”, diz.
Aliás, no estado, apenas 8% da área plantada é irrigada. Para aumentar esse percentual, um estudo avalia o potencial hídrico da região. O desafio é conciliar produtividade e preservação do meio ambiente.
“A produção agrícola no mundo inteiro tem que começar pela preservação. A água é disputada para o consumo humano, para o consumo animal e para a irrigação que é a produção de alimento e proteína animal para a sociedade”, diz o vice-presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação, Luís Pradella.
Para o produtor que pretende investir em irrigação é preciso também estudar a viabilidade econômica.
“Sem dúvida o custo da energia aqui é altíssimo. Sem falar da qualidade da energia que é péssima. Então, nós temos que ter uma gestão eficiente da irrigação. Quem não gerir a sua irrigação, não tem bons lucros”, afirma o produtor Kohn.
A região do cerrado baiano produz 100% de toda soja do estado, são 5,5 milhões de toneladas esperadas para serem colhidas em 1,6 milhão de hectares. Se isso se confirmar será a segunda maisor safra da história do estado, perdendo somente para 2017/2018, quando colheram 6,3 milhões de toneladas, sendo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Temos que crescer verticalmente também. Trazer indústrias. Estamos trabalhando muito para trazer indústria de etanol e mais frigoríficos. Afinal a integração lavoura pecuária vai crescer muito aqui”, diz o presidente da Aprosoja Bahia, Alan Juliani.