Numa propriedade em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, toda a matéria orgânica gerada por frangos, gado leiteiro e suínos se converte em adubo para a soja. O resultado é o aumento da rentabilidade da fazenda e a manutenção de alta produtividade da cultura.
Ali são criados 140 mil frangos, que geram 750 toneladas de esterco por ano. A cama das aves segue de caminhão para as áreas de plantio da soja.
“Tiramos todo o excedente dessa cama e, quando chega no período da seca ou pré-plantio, fazemos a distribuição nas lavouras. A cama do gado de leite também é distribuída nas áreas”, afirma o produtor Thiago Fonseca.
Assim como na cama de frango, o adubo que vem do gado de leite passa por um controle de temperatura, que deve ficar acima de 40 ºC.
A propriedade também conta com a produção de suínos. No total, são 12 mil animais que produzem por dia 500 mil litros de dejetos. A coleta é feita com a ajuda de uma lâmina d’água. Os dejetos passam por uma tubulação e são levados até um biodigestor.
Depois disso, o produto passa por lagoas e, de lá, segue pela tubulação até as áreas que precisam de adubo.
“Essa prática, da forma como é usada na propriedade, é bem diferenciada. Ali realmente foram usados todos os segmentos em benefício de uma produção melhor. O sistema está enriquecendo o solo, ao invés de se descartarem esses dejetos de maneira errada”, afirma o diretor do Sindicato Rural de Uberlândia, João Semenzin.
Quando Fonseca começou a plantar soja, o sistema de coleta de dejetos já existia e por isso a produtividade sempre fecha acima de 70 sacas por hectare. O sistema não dispensa a aplicação de gesso e calcário, mas reduz a quantidade de fertilizantes necessários.
“Estamos aumentando um pouco a área todo ano, de 100 a 150 hectares. Percebi que a quantidade comprada de adubo nunca muda, tenho comprado quase o mesmo tanto, então já estamos tendo economia”, afirma o produtor.
O solo da propriedade é arenoso, naturalmente mais pobre em nutrientes, e a adubação orgânica reforça a estrutura da planta. É por isso que a soja produz mais.
“Vai afetar a planta como um todo, tanto o sistema radicular que vai ser mais abundante quanto a parte aérea vai se desenvolver com mais vigor, vai ter uma planta mais forte e mais vigorosa. Isso se traduz em mais produtividade”, diz o pesquisador da Embrapa Amélio Dall’Agnol.