No Rio Grande do Sul, os produtores aproveitaram o tempo mais seco para intensificar o replantio das áreas de soja. As chuvas registradas nas últimas duas semanas provocaram perdas significativas logo na arrancada da safra. Estima-se uma redução de até 9 sacos por hectare em algumas regiões.
As plantadeiras finalmente retornaram ao campo e é hora de tentar acelerar o ritmo de trabalho para recuperar os dias parados. Em Tupanciretã (RS), uma das maiores regiões produtoras de soja do estado, o plantio precisou ser interrompido logo no início, ainda em outubro por conta do excesso de chuvas.
Na propriedade de Vilmar Dagios, cerca de 30% da área terá que ser replantada e os mais de 15 dias de chuva já pesam no bolso do agricultor.
“Só de semente tenho parcelas de até R$ 61 mil pra pagar, isso dá para plantar 150 hectares. Se levar em consideração que perdi em replante cerca de 230 hectares. Isso vai me custar mais de R$ 100 mil, só com semente. Mais outros custos, como o operacional de até R$ 150 mil”, diz Dagios.
Em 2018, nessa mesma época, cerca de 90% das áreas de soja da região de Tupanciretã, em torno de 260 mil hectares, já estavam semeadas. Bem acima do ritmo atual, na casa de 60%. A média de produtividade por ali é de 63 sacas por hectare, mas para alcançar novamente esse índice, será preciso ficar atento.
“É preciso fazer o monitoramento de pragas, de plantas daninhas e principalmente de doenças. Nós tínhamos aqui um histórico de até 4,4 aplicações de fungicidas por hectare. Com esse replantio tardio, devemos ir a 5 aplicações, certamente”, afirma o representante da Aprosoja-RS, José Domingos Teixeira.
Se nas últimas semanas as chuvas foram as vilãs, nas próximas, serão muito bem-vindas. “Agora que plantamos,esperamos que a lavoura receba algumas chuvas né, assim a soja nascerá bem”, afirma Dagios.
Outros municípios também replantaram
Segundo levantamento da Emater-RS, outros municípios também registraram replantio de soja.
Santa Rosa
“Algumas áreas na região das Missões, houve registro de tombamento de plântulas causado pelo fungo de solo Rhizoctonia solani, obrigando os produtores a realizarem replantio”, afirma.
Soledade
“Em algumas lavouras da região, foi observada morte de plantas por excesso de umidade e ataque de fungos de solo”, diz.
Caxias do Sul
“Entre os produtores que semearam após as chuvas, alguns terão que ressemear, porque a germinação foi desuniforme devido ao excesso de umidade no solo e à presença de fungos, favorecida por essas condições.”