O maior desejo do produtor de soja é ver as plantas molhadas, recebendo a quantidade ideal de água. Mas não foi o clima ideal que tem feito a soja se desenvolver na fazenda onde trabalha Airton Francisco de Jesus, em Ponta Porã (MS), mas sim a irrigação. Por lá, 10% da produção de sementes da propriedade tem a cobertura dos pivôs. O restante fica no sequeiro. E é aí que está o problema.
“O plantio esse ano está bem atípico. Teve um atraso significativo nas chuvas. Estamos avançando para um período que não é o que preferimos para esse plantio. Os percentuais de área plantada estão muito aquém daquilo que estava planejado”, comenta Jesus.
É nítida a diferença entre as áreas com pivô e de sequeiro. As áreas com irrigação foram plantadas na data desejada, em setembro, e já estão na fase de floração. A poucos metros de distância há outra situação, que é a soja de sequeiro, com grande dificuldade de desenvolvimento da soja.
Neste ano, assim como em outros estados, a instalação da lavoura na propriedade também ficou mais cara, em torno de 10%. Fora os gastos extras com a parte irrigada.
“Desde a implantação, tivemos que molhar, para a soja germinar e se desenvolver. Foram poucas chuvas acumuladas. Então o custo com a água e a energia foi bastante relevante”, afirma o gerente de produção, Gilberto Bonfanti.
Os gastos irão interferir no preço da semente no próximo ano. Outra diferença é na quantidade de sacos de sementes no barracão. No ano passado, já estava tudo vazio. Este ano, com o plantio atrasado, parte da produção não foi entregue ainda.
“A nossa realidade em Rondonópolis, onde temos outra unidade, é muito semelhante à daqui. O plantio também está parado e a evolução do plantio está um pouco mais baixa que a nossa fazenda em Ponta Porã, inclusive”, afirma Jesus.
O pesquisador da Fundação MS, André Ricardo Gomes Bezerra, orienta que o produtor que está com o plantio atrasado não deve acelerar o ritmo da plantadeira. Deve prestar atenção na profundidade das sementes, ou seja, 5 centímetros em solos arenosos e 3 a 5 em solos argilosos. E, por fim, também na quantidade de sementes.
“O produtor terá que se basear em dados regionais de experimentação, assim como é produzido pelas instituições de pesquisa. Isso vai dar um suporte a ele para tomar a melhor decisão e fazer esse ajuste correto da quantidade de sementes que ele deve semear”, conta.