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Propriedade rural de Cachoeira do Sul (RS) oferece aulas de informática para capacitar funcionários no campo

A partir deste domingo, dia 21, o programa Rural Revista mostra uma série de reportagens especiais sobre capacitação profissional do campoO agronegócio brasileiro tem um grande desafio nos próximos anos: melhorar a capacitação profissional diante de uma realidade de educação limitada. O que parece complicado começou a virar realidade em muitas regiões do país. É o que o rural revista mostra a partir deste domingo, dia 21, em uma série de reportagens especiais.

É na encruzilhada que os colegas se encontram para chegarem juntos à escola. Uma viagem que atravessa horas pela estrada de terra.

? Moro bem longe. Assim, eu levo, uma hora e meia daqui até lá. Mas quando eu estou a pé, assim, eu levo duas horas e meia ? diz Igor Nunes, de 15 anos.

Mas isto não é uma reclamação. A propriedade, que fica em Cachoeira do Sul, a 200 quilômetros de Porto Alegre (RS), virou uma referência para moradores da zona rural, que só chegaram perto de um computador depois da iniciativa dos donos da fazenda.

? Meu pai começou a pensar: se a gente, que tem dinheiro para trazer essa tecnologia, não consegue ter essa tecnologia na fazenda, imagina todas as outras pessoas que estão aqui com a gente, nossos colaboradores, nossos vizinhos, quando vão ter acesso a um computador ligado à internet? ? fala Fabrizio Hass, proprietário da fazenda.

A resposta veio através de parcerias. Os fazendeiros construíram o prédio da escola e uma empresa de telefonia cedeu os cabos de fibra óptica para a instalação da internet nos computadores. As aulas mudaram bem mais do que a rotina dos funcionários.

? Eu não tinha conhecimento nenhum. Comecei a pegar aqui, quando abriu o curso que começamos. Até achamos que não ia dar para fazer, porque a gente trabalha no campo. Até as aulas começarem eu só tinha visto computador de longe, em alguma loja, ou alguém que tinha, mas pegar computador nunca ? declara José Carlos Machado Soares, funcionário da fazenda.

Para muitos destes alunos, as noções de informática vieram quase ao mesmo tempo em que vieram as primeiras palavras na escola. São 45 estudantes divididos em quatro turmas. Longe da cidade, mas bem perto da tecnologia.

A pequena Vanessa Paz, de oito anos, ocupa um dos computadores ligados em rede. Há dois meses, junto com parentes e vizinhos, ela descobre novidades a cada dia.

? Foi possível aprender a escrever, a não errar muito, e aprender várias coisas ? diz Vanessa.

As parcerias da escola se estenderam além da fazenda. Igor Nunes tinha dificuldades de visão. Ele foi atendido de graça por um médico, fez exames e ganhou um óculos.

? Para eles, chegar aqui é um mundo novo. Então, nós estamos oportunizando a eles um mundo diferente através da informática, e eles conseguem acompanhar super bem, dão um banho na gente e daqui a pouco, assim como eu ensino, eles também podem me ensinam. É uma troca de experiência bem valiosa ? declara Cristine Hadunz, professora voluntária.

É por isso que, ao final de cada aula, o que menos importa é a distância ou o meio de transporte. O que vale mesmo é saber que o conhecimento deles aumenta um pouquinho a cada dia.

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