Segundo Kelli Mafort, integrante da coordenação nacional do MST, as camponesas protestam contra o modelo de desenvolvimento pautado no agronegócio e cobram do governo aceleração no processo de reforma agrária.
– Estamos em um ato político de protesto para defender uma agricultura que garanta a nossa soberania alimentar, com a produção de alimentos saudáveis, livre de agrotóxicos e com preservação ambiental, e que contribua para a autonomia das mulheres no campo — disse, acrescentando que, desde o início da ocupação, muitas camponesas relatam suas experiências no campo e contam como o avanço do agronegócio no país impacta as atividades que desempenham.
– O agronegócio expulsa o trabalhador do campo e as mulheres são as primeiras a sofrerem as consequências desse processo, não apenas pela exposição a agrotóxicos e venenos, mas porque, sem trabalho, elas voltam para casa e sua atividade e existência ficam invisíveis – ressaltou.
Kelli Mafort destacou que os movimentos pressionam o governo pelo assentamento de 150 mil famílias, sendo 90 mil ligadas ao MST. As camponesas também reivindicam maior acesso ao crédito, à assistência técnica e a políticas como o Programa de Aquisição de Alimentos e Programa Nacional de Alimentação Escolar. As mulheres também querem a intensificação da campanha de documentação rural.
A mobilização faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas que ocorre em vários Estados. Em Brasília,cerca de 700 camponesas estão acampados ao lado do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desde terça, dia 5. Há mais de 15 anos, sempre no mês de março, as mulheres se unem em jornada para reivindicar os direitos das trabalhadoras.
Encontro com autoridade
Cerca de 1,2 mil manifestantes, segundo o MST, aguardam para serem recebidos por alguma autoridade do governo federal no Ministério da Agricultura. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, o ministro Mendes Ribeiro Filho embarca para o Rio Grande do Sul na manhã desta quinta. Caso a reunião seja marcada, o encontro deve ocorrer com a presença do secretário-executivo, José Carlos Vaz.
Segundo a Polícia Militar, no entanto, o número de manifestantes não deve ultrapassar 400 pessoas. Os servidores estão impedidos de entrar no prédio. Ainda segundo a coordenadora do MST, a ocupação deve permanecer até que representantes sejam recebidos por alguma autoridade do ministério.