Protesto reúne mais de 10 mil pessoas em Pernambuco

Manifestação é contra a decisão do governo federal de não continuar convênio com a Articulação do Semi-Árido (ASA)Cerca de 12 mil pessoas reuniram-se, nesta terça, dia 20, na praça da catedral de Petrolina (PE) em manifesto contra o fim do convênio entre o governo federal e a Articulação do Semi-Árido (ASA) para a construção de cisternas e implantação de outras tecnologias que garantem acesso a água.

Os participantes exigiam que fosse restabelecida a parceria com a ASA, organização da sociedade civil que hoje reúne mais de mil entidades dos nove Estados do Nordeste e do norte de Minas Gerais.

As organizações que compõem a ASA decidiram pela mobilização em massa como uma estratégia de tornar público o impacto desta decisão na vida de milhares de pessoas do semiárido brasileiro que vêm sendo beneficiadas por programas como o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) e Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Os dois projetos são executados por entidades que integram a ASA, a exemplo de ONG’s, entidades comunitárias, religiosas, sindicais, entre outras.

O governo federal, até então parceiro da organização, agora vai priorizar uma das metas do Plano Brasil Sem Miséria, que prevê a construção de 300 mil cisternas de plástico PVC. A parceria agora passa a ser feita com Estados e municípios, excluindo a sociedade civil organizada do processo de execução. A sugestão dada pelo Ministério do Desenvolvimento Social é que a ASA negocie sua ação em cada um dos Estados contemplados a fim de que continue sendo uma das organizações que ajude a difundir o uso da cisterna para garantir o acesso à água no semiárido.

No entanto, a ASA considera que o importante não é apenas o cumprimento de uma meta, mas sim a qualidade do serviço ofertado. De acordo com representantes da coordenação executiva, trata-se de uma estratégia que inviabiliza todo um processo produtivo e pedagógico que ao longo dos anos vem apresentando excelentes resultados.

– Houve um descompromisso com a ASA e com o povo nordestino – disse Mário Farias, da coordenação da organização.

Segundo a ASA, as cisternas de plástico têm um custo maior e durabilidade muito menor que as cisternas construídas pelo P1MC e P1+2. A construção será feita por empresas, excluindo a possibilidade de geração de renda para as comunidades, como acontece com as cisternas de placas que são construídas por pedreiros das comunidades rurais. De acordo com a entidade, a saúde, a segurança alimentar e nutricional, a educação e outros aspectos presentes na metodologia de trabalho da ASA também seriam desconsiderados na nova forma de distribuir cisternas.

O Canal Rural procurou o Ministério do Desenvolvimento Social para comentar a manifestação, mas o órgão não se pronunciou sobre o assunto.