Normalmente, uma lavoura de soja no Brasil estaria bem distante do porto, mas na Argentina a primeira diferença é a logística. Em uma plantação de Rosário Central, por exemplo, a soja colhida será transportada para pouco mais de 1 quilômetro, onde será exportada.
Veja também:
>>Imposto argentino descapitaliza produtores e reduz investimento em tecnologia
>>Mesmo castigado pela seca, Uruguai garante sucesso no cultivo da soja
– É uma diferença muito considerável com o Brasil, onde 60% da produção de soja se encontram a 1.400 quilômetros do porto. Uma diferença grande na logística. E outra diferença é q produtor argentino maneja sua própria logística. O produtor colhe, carrega o caminhão, pode mandar direto – avalia o engenheiro agrônomo Sebastian Gabalda.
Se a logística favorece, a política agrícola nem tanto. O agricultor deixa 35% da venda com o governo. Não fosse assim, a área plantada hoje seria 10% maior e o volume 15%. Toda a cadeia sofre as conseqüências. No porto, o terminal da Cargil exportou, em 2007, 5 milhões de toneladas de soja. Nesta safra, reduziu para 3 milhões.
– O volume foi reduzindo. O controle maior teve que reforçar toda a operação. À Cargil o que interessa é trabalhar com 100% de transparência, fazer tudo o que o governo pede, e isto que está se fazendo: reforçando toda a maior intervenção que tem o governo na cadeia e todas as operações no porto se cumpram 100% do que se está pedindo hoje em dia – afirma o chefe de logística Juan Imbert.
Com tributo alto demais, o que salva é a logística.
– A grande vantagem que você tem na Argentina é esta. Você está a 300 quilômetros do porto, e como a gente pode ver estamos dentro de uma lavoura de soja com o porto atrás de nós, a ferrovia ao lado e toda uma logística muito adequada. Que é o caso que não acontece no Brasil. Lá nós perdemos 30% da nossa rentabilidade, ela é perdida com o frete – afirma o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira, que completa:
– No caso do Brasil, a gente sabe que para chegar a esta realidade vai um tempo mais. E o que a gente espera realmente é que a gente consiga, nem que seja no próximo governo, fazer ações que realmente virem em coisas concretas. Para que o produtor brasileiro possa realmente poder ter um maior escoamento da produção, e o Brasil venha a ser muito mais competitivo.