Entre os problemas relatados pela entidade durante o Circuito Aprosoja estão: sementes com baixa taxa de germinação, fertilizantes fora do padrão mínimo exigido
Pedro Silvestre, de Diamantino (MT)
Com foco na rentabilidade da soja, no tipo e na qualidade dos insumos que as propriedades estão recebendo nesta safra, a Aprosoja Mato Grosso deu a largada para a décima edição do circuito tecnológico. Sete equipes já estão no campo coletando os dados e de olho principalmente nas sementes e fertilizantes que chegam nas fazendas.
Um questionário extenso, rico em detalhes é levado para a sabatina realizada pelas equipes que estão em campo. Envolve gerentes, técnicos, agrônomos e os próprios agricultores. A proposta do circuito tecnológico é levantar um raio X da produção.
“O questionário serve como um levantamento da parte técnica. Perguntamos para o produtor os produtos que serão usados na safra de soja, como fungicidas, inseticidas e herbicidas. Além de quais cultivares irão plantar, ocorrências de pragas, plantas daninhas e se está tendo resistências a algum produto”, conta a supervisora de projetos da entidade, Camila de Jesus.
Sete equipes formadas por representantes da Aprosoja e empresas estão percorrendo os principais municípios das regiões norte, oeste, sul e leste do de Mato Grosso, em busca de informações. Durante as abordagens são coletadas amostras de sementes e fertilizantes. O material será analisado para saber, com detalhes, a qualidade desses insumos que estão chegando nas propriedades.
“Esperamos que os números sejam melhores do que o ano passado. As sementes tenham boa qualidade, o fertilizante seja melhor, enfim. Mas não é isso que tem acontecido nos últimos anos. O que vemos é a piora destes quesitos e isso nos preocupa. Não podemos receber sementes com apenas 80% de taxa de germinação, sem falar no vigor baixo. Isso precisa mudar, aumentar para pelo menos 90%”, diz Antônio Galvan, presidente da Aprosoja Mato Grosso.
Segundo o consultor da entidade na área de fertilizantes, José Francisco da Cunha, na avaliação da safra passada, cerca de 8,5% das amostras coletadas deram resultados inferiores ao mínimo tolerado. Ou seja das 206 amostras, 17 estavam fora do padrão.
“Então 17 produtores dessa amostragem foram prejudicados pela qualidade do fertilizante Alguns em uma situação mais grave até, com índices de falta de nutrientes bem maiores com relação aquilo que era garantido. Isso vai passar despercebido do produtor, porque a própria área que já está consolidada tem condição de sustentar uma produtividade mais elevada. Ele está sendo prejudicado financeiramente, então”, diz Da Cunha.
Durante os dez anos que o circuito da Aprosoja acontece, diversos pontos foram constatados pelas equipes, entre eles: a alta incidência de nematóides e pragas nas lavouras, problemas fitossanitários, deficiência de armazenagem, roubos em propriedade rurais, resistência de ervas daninhas, classificação de grãos erradas e a criação de diversos programas de apoio ao produtor.
“isso é de grande importância, porque abre o olho do agricultor para não ser enganado. Já aconteceu outras vezes de comprar uma coisa e vir outra. Ficamos sem uma fiscalização, sem uma orientação, sem uma norma, então não resta dúvida que esse serviço da Aprosoja é uma certeza de garantia e rentabilidade”, diz o produtor rural, Erny Parisenti.