Valor é pouco menor que os montantes obtidos em 2015, mas ainda assim muito importante para o setor
Daniel Popov, de São Paulo
A devido à desvalorização do dólar e falta de soja, no segundo semestre, as exportações do complexo soja em 2016 foram quase 9% menores que no ano anterior, resultado já previsto por especialistas e entidades do setor, inclusive. Ao todo o país arrecadou com estes embarques US$ 25,4 bilhões, ante os US$ 27,9 bilhões de 2015. As informações são do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Esta é a demonstração prática que os produtores brasileiros estão atentos as movimentações do mercado, ponderando em negociar no mercado interno e externo no melhor momento.
Em relação ao volume exportado a queda foi um pouco menor. No ano passado o setor vendeu 67,2 milhões de toneladas, queda de 5% se comparado aos 70,8 milhões de toneladas de um ano antes.
No gráfico abaixo, dá para perceber bem como o movimento de queda no dólar e falta de oferta do grão, a partir do segundo semestre, levaram a esta retração. Vale lembrar que no primeiro semestre do ano passado, os preços vistos na soja foram muito elevados e rentáveis, influenciando muitos produtores a liquidar seus estoques. Em contrapartida, a partir de julho, com a confirmação de safra recorde nos Estados Unidos e altos estoques mundiais da oleaginosa, puxaram os valores do grão para baixo e o produtor que ainda tinha algo a vender preferiu fazê-lo no mercado interno, que pagava melhor.
Os embarques de farelo de soja foram os que menos sofreram no ano, fechando quase em igualdade. No ano passado, as vendas de 14,4 milhões de toneladas (-2,7%, ante 2015) renderam US$ 5,1 bilhões, queda de 12% se comparado aos US$ 5,8 bilhões de um ano antes.
A venda de grãos de soja somaram 51,5 milhões de toneladas, recuo de 5,1% quando comparado a 2015 (54,3 milhões de toneladas). Em termos financeiros, estas vendas do ano passado renderam US$ 19,3 bilhões ao setor, 7,6% menor que os R$ 20,9 bilhões de 2015.
Por fim, a maior retração foi observada nos embarques de óleo de soja. Em 2016 o volume exportado foi de 1,2 milhão de toneladas, queda de 25% ante o ano anterior. O valor obtido então foi quase 28% menor, chegando a US$ 898 milhões, contra os US$ 1,1 bilhão de 2015.
A China segue como a principal importadora do grão brasileiro, responsável por nada mais, nada menos que 57,3% de todo o volume vendido pelo país, ou seja, 38,8 milhões de toneladas. O valor obtido com estes negócios foi de US$ 14,5 bilhões.
O segundo país que mais comprou foi a Tailândia com 3 milhões de toneladas. Uma diferença bem grande diante dos chineses, o que demonstra a dependência que o Brasil tem destes países.