Uma pesquisa divulgada nesta quarta, dia 4, pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que quase 60%, dos cerca de 100 mil quilômetros de rodovias avaliadas no Brasil apresentam algum tipo de deficiência em relação à pavimentação, sinalização ou geometria da via. De toda a malha visitada pela CNT, 6,3% estavam em péssimo estado, 16,1% foram considerados ruins e 34,9%, regulares.
Segundo o levantamento, 42,7% da extensão rodoviária foram classificados de bom ou ótimo, tendo assim “condições adequadas de segurança e desempenho”. Além disso, apenas 12,4% da malha rodoviária nacional é pavimentada. Isso corresponde a 213,3 mil km dos 1,72 milhões de km de rodovias no país.
– O mais preocupante é que a pesquisa mostra que a maior parte das estradas são deficientes. A situação está um pouco melhor nas estradas concedidas. Os principais problemas são de manutenção, conservação e na própria geometria das rodovias que foram construídas há quase 40 anos. É preciso fazer novas rodovias, pois a frota aumentou, o tipo de veiculo é diferente, são caminhões com maior potência e comprimento, que exigem rodovias duplicadas ou que minimanete tenham a terceira faixa na subida. Tem muito por fazer para ter uma condição rodoviária satisfatória – alerta o presidente da CNT, Vander Costa.
De acordo o estudo, a região mais crítica está no Norte do país, justamente a nova fronteira agrícola. A rodovia pior avaliada em 2015 foi a BR-222, no trecho paraense que liga Marabá a Dom Eliseu. O segundo pior trecho foi o que liga Natividade (TO) a Barreiras (BA), passando pelas rodovias BA-460, BR-242, TO-040 e TO-280. A terceira pior avaliação é a do trecho da BR-158, que liga Jataí a Piranhas, em Goiás. Além de trechos em Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Em relação ao pavimento, foram identificados 48,6% da extensão com algum tipo de deficiência. A sinalização apresenta problemas em 51,4% da extensão avaliada, e a geometria da via em 77,2%. Os problemas das rodovias brasileiras tornam-se ainda mais graves com a constatação de que 86,5% dos trechos avaliados apresentam rodovias simples de mão dupla.
Custos
O custo operacional pode aumentar até 90% nas rodovias em estado péssimo ou ruim, como na região Norte, o aumento médio no Brasil é de 25%. De acordo com a CNT, em 2014, os prejuízos somam mais de R$ 46 bilhões. Pelos cálculos da entidade, se o pavimento de todas as rodovias fosse bom ou ótimo, a economia só com o combustível seria de 5%, ou seja, se deixaria de consumir quase 750 milhões de litros de óleo diesel por ano.
A pesquisa mostra que para isso seria necessário investir R$ 294 bilhões em 618 projetos. De acordo com a CNT, neste ano, dos R$ 10 bilhões de recursos públicos autorizados, apenas R$ 4,47 bilhões foram aplicados. Em 2014, dos R$ 12 bilhões previstos, R$ 9 bilhões foram pagos. Para a direção da CNT, falta uma gestão política mais eficiente.
– O governo não tem visto o setor rodoviário como prioritário. Os projetos demoram em ser elaborados, quando são aprovados, precisam ser refeitos, de forma que a concessão das rodovias talvez seja a saída mais viável nesse momento – salienta.
– Esses problemas explicam a razão para a demora na construção de pontes, e os pontos críticos continuam aumentando. Do ano passado para cá, nós constatamos o crescimento de apenas 700 km. É muito pouco para um país que pretende crescer e dar uma dinâmica logística muito maior, principalmente utilizando a rodovia, que é a mais utilizada hoje no país – diz o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.
Paralisação de caminhoneiros
A CNT informou também que é contrária à paralisação nacional de caminhoneiros, prevista para acontecer na próxima segunda, dia 9. Segundo Costa, a instituição não foi consultada em relação ao movimento, que sido organizado sem o apoio sindical. A posição da CNT, afirmou, é de que as negociações dos trabalhadores com o governo devem prosseguir, antes de apostar numa mobilização dessa dimensão.