Nada menos que 72% do Produto Interno Bruto de Mato Grosso tem origem no campo. Número que coloca o agronegócio como uma das prioridades nas campanhas eleitorais. E uma curiosidade: todos os candidatos a governador do Estado disputam o cargo pela primeira vez.
Marcos Magno (PSOL)
Marcos Magno é o representante do PSOL, sem coligação. Foi ele quem fundou o partido no Estado. Em 2006, participou pela primeira vez de um processo eleitoral, como candidato a vice-governador. Com 55 anos, ele nasceu em Uberlândia (MG) e é formado em administração, casado e tem seis filhos. Marcos Magno impôs, entre as suas metas, o combate à corrupção, a industrialização do Estado e geração de emprego, e o progresso da logística para o escoamento da produção.
? Entendemos que a ferrovia tem que atender todo o estado. A hidrovia também será muito importante. Nós entendemos que devemos produzir e também defender o meio ambiente, mas estes gargalos têm que ser atendidos, tem que ser resolvidos, porque senão nós estaremos com a nossa economia estrangulada em pouco tempo e isso já está acontecendo. Nós entendemos que a ferrovia, parece até uma questão política, de interesses políticos, existe muito lobby do setor rodoviário, entendemos isso, mas também precisamos de entender que nós somos um estado independente, apesar de fazermos parte do pacto confederativo. Mas precisamos também ter políticos, os nossos deputados, senadores, têm que atuar de forma contundente, incisiva no Congresso, coisa que nós não vemos! Nós só vemos participarem de corrupção, de negociatas, fizeram da política um balcão de negócios então isso dificilmente acontecerá. A ferrovia dificilmente chegará, a hidrovia também será muito difícil disso acontecer. Nós faremos o possível para que isso se resolva de forma que o povo seja atendido ? disse Magno.
Mauro Mendes (PSB)
O candidato da coligação Mato Grosso Melhor Pra Você é Mauro Mendes, do PSB. Ele disputou a prefeitura de Cuiabá em 2008. Natural de Anápolis, trocou Goiás por Mato Grosso e hoje tem 46 anos de idade, é formado em engenharia elétrica, casado e tem 2 filhos. Ocupava pela segunda vez a Presidência da Federação das Indústrias de Mato Grosso quando se licenciou para concorrer ao governo do Estado. Ele conta que suas prioridades são a saúde pública e o fomento à industrialização. Para o agronegócio promete atuar em três temas centrais.
? O agronegócio é a principal atividade econômica do nosso Estado. Com muito orgulho, com muito trabalho, todos nós que vivemos aqui, principalmente os produtores rurais, construíram uma economia extremamente competitiva. Nós somos o maior produtor em várias commodities do setor. Temos que continuar avançando na infraestrutura para continuar atendendo o homem do campo. Nós temos que investir mais na área ambiental, para tirar os entraves que dificultam a atividade empresarial no agronegócio e temos também que fazer um grande programa de regularização fundiária. Estas são três áreas sensíveis, importantes, de responsabilidade do governo. E se o governo fizer a sua parte, o produtor tem demonstrado ao longo dos anos, que tem muita determinação, coragem, e fez e está fazendo e vai continuar fazendo aquilo que é produzir, pagar impostos e contribuir para o crescimento do nosso Estado ? avaliou.
Silval Barbosa (PMDB)
Silval Barbosa ocupa o cargo de governador desde abril, quando Blairo Maggi renunciou para concorrer ao Senado. O candidato do PMDB pela coligação Mato Grosso em Primeiro Lugar foi prefeito de Matupá e duas vezes Deputado Estadual. O paranaense é formado em direito, tem 49 anos de idade, é casado e tem três filhos. Entre as propostas para o agronegócio, aponta a industrialização como uma alternativa para agregar valor aos produtos agrícolas e promete melhorias em infraestrutura e logística.
? É um desafio de continuar manter o Estado neste ritmo de crescimento, a mais de 10% ao ano. É um índice que é um desafio que nós temos e que vamos perseguir. Mas o que nós queremos agora é uma nova fase da nossa economia, é agregar valores de tudo isso que produzimos. Nós somos o maior produtor de grãos do país. Nós queremos partir para um processo de verticalização, industrializar toda esta produção, para que estas riquezas fiquem dentro do Estado de Mato Grosso e deixamos de gerar riquezas em outros países quando nós exportamos a nossa produção in natura. Nós temos um grande programa de infra-estrutura. Em sete anos, juntamente com o Governo Blairo Maggi, nós construímos com parceria dos produtores mais de quatro mil quilômetros de estradas ? defendeu.
Wilson Santos (PSDB)
O ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, do PSDB, concorre pela Coligação Senador Jonas Pinheiro. Além dos dois mandatos na administração da capital de Mato Grosso, foi vereador, duas vezes deputado estadual e duas vezes deputado federal. Deixou Iracena, em São Paulo para viver no Estado. É formado em direito, casado e tem 49 anos de idade. O candidato quer reduzir as desigualdades sociais e regionais no Estado e aposta no avanço da logística como uma saída para os problemas enfrentados pelo setor agropecuário.
? Mato Grosso é o Estado que devolve ao setor empresarial com mais velocidade e com melhor rentabilidade os investimentos feitos. Nós temos alguns desafios para as próximas décadas, principalmente na área de logística. Nós temos três grandes projetos de hidrovias, que é a hidrovia Araguaia-Tocantins, a hidrovia Teles Pires-Tapajós Juruena e a hidrovia Paraguai-Paraná. Com estas três hidrovias implantadas, com a ferrovia chegando a Cuiabá e daqui indo para Rondônia e para o sul do Pará, e com a ferrovia leste-oeste vindo Uruaçu em Goiás até Vilhena em Rondônia, cortando todo o Mato Grosso no sentido leste-oeste, Mato Grosso terá em 10 ou 15 anos a maior renda per capita do país e será uma das seis maiores economias do Brasil. Vamos transformar as proteínas vegetais em proteínas animais, gerando emprego e vamos segurar o crescimento populacional do Estado. Não nos interessa ter uma grande população, nos interessa ter uma população pequena com uma extraordinária qualidade de vida ? avaliou.
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Eleitores
Esses candidatos disputam os votos de quase 2,096 milhões de pessoas que vivem nos 141 municípios do Estado. Eles têm uma coisa em comum com boa parte desses eleitores: são de outras regiões e escolheram Mato Grosso para viver.
De acordo com o último censo do IBGE, 44% dos habitantes do Estado vieram de fora, e uma boa parte desses imigrantes foram atraídos pelos investimentos no campo. Por isso o escolhido pelo povo, que deve ocupar o gabinete de governador pelos próximos quatro anos, terá que vencer, além das eleições, os desafios para promover o desenvolvimento regional, algo que depende muito do crescimento do agronegócio.