No começo da temporada a Safras & Mercado esperava uma colheita de 122,2 milhões de toneladas, 5,3% maior que a previsão atual
Um dia após a projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontar uma colheita de soja levemente menor que a do ano passado e gerar a revolta de muitos produtores do país, a consultoria Safras & Mercado divulgou sua estimativa. Para ela, a quebra será muito maior que a prevista pelo órgão oficial, podendo se limitar a 115 milhões de toneladas.
A produção brasileira de soja em 2018/2019 deverá totalizar 115,7 milhões de toneladas, com recuo de 4,2% sobre a safra da temporada anterior, que ficou em 120,8 milhões de toneladas (dados da consultoria). Se considerar as perspectivas iniciais da Safras & Mercado que esperavam algo em torno de 112,2 milhões de toneladas, a quebra da safra supera facilmente os 5,3%.
A revisão para baixo é reflexo do clima desfavorável, principalmente das longas estiagens de novembro em alguns estados produtores.
Com as lavouras em fase inicial de colheita, consultoria indica aumento de 3,2% na área, que deverá ficar em 36,427 milhões de hectares. Em 2017/2018, o plantio ocupou 35,121 milhões de hectares. O levantamento indica que a produtividade média deverá passar de 3.440 quilos por hectare para 3.193 quilos.
“Os problemas climáticos registrados a partir de novembro trouxeram perdas relevantes de produtividade nos estados do Paraná e do Mato Grosso do Sul. As lavouras que mais sofreram foram as semeadas precocemente e que estavam em um momento importante do enchimento dos grãos”, explica o analista Luiz Fernando Gutierrez.
Norte e Nordeste
Para a consultoria, a falta de chuvas começa a preocupar, embora as lavouras tenham sido semeadas mais tardiamente. Neste momento, as lavouras continuam com a maior parte de seu potencial produtivo, embora o mesmo também seja inferior ao da safra passada.
“O clima continua como fator fundamental pelos próximos 90 dias. É importante que a regularidade das chuvas retorne para todos os estados produtores, mas principalmente para os estados do Norte/Nordeste. A confirmação do El Niño acende um alerta ainda maior para a safra brasileira”, explica Gutierrez.
Demais regiões
As próximas quatro semanas serão decisivas para a definição das produções dos estados do Centro-Oeste e do Sudeste, além do Paraná. O retorno da umidade pode impedir que as perdas se alastrem. Apesar disso, as previsões apontam para poucas chuvas na faixa central do país nas próximas duas semanas, o que pode trazer aumento nas perdas. “A atenção permanece redobrada. A única certeza é que os problemas acumulados até o momento irão impedir que o Brasil colha mais uma safra recorde nesta temporada”, completa o analista.