Quebra na safra de pêssego no RS deve diminuir área plantada para 2013

Região sul do Estado está entre as mais prejudicadasOs impactos do clima podem ser os responsáveis por uma quebra histórica na safra do pêssego no Rio Grande do Sul. Essas perdas ainda estão sendo calculadas nos pomares, mas já resultam em possibilidades de diminuição da área plantada para o próximo ano.

A região de Pelotas, no Sul do Estado, possui mais de seis mil hectares de pêssego tipo indústria e a estimativa para esta safra era de produção acima de 54 mil toneladas. Porém, o clima castigou a fruta e prejudicou o crescimento e a agora a expectativa é colher no máximo 40 mil toneladas.

O produtor Dari Bosenbecker colheu no ano passado quase 500 toneladas, mas este ano não deve passar da metade.

— Temos bastante seca nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril e depois setembro, outubro e agora na colheita, quando a gente precisava de bastante chuva, nós temos chuva abaixo da média — afirma.

Com uma produtividade menor, reflexo de uma quebra de safra, estimada em até 50%, a região que possui mais de 1,3 mil produtores de pêssego, pode ver a área plantada diminuir na próxima safra.

— A área plantada vai diminuir bastante para a próxima safra, em virtude dos produtores de pêssego não terem mais a mão de obra, que é fundamental para a colheita do pêssego, e também pela desvantagem em comparação com o bom preço dos grãos — diz o produtor.

Essa migração também tem a ver com o preço pago ao produtor, que não sofre reajuste há três anos. Hoje, o quilo da fruta está em R$ 0,75 o tipo um, e R$ 0,55 o tipo 2. A primeira opção é maior, tem mais de 57 milímetros de diâmetro. Já a segunda tem de 50 a 57 milímetros. O custo de produção está estimado em R$ 0,54 por quilo. Portanto, a baixa lucratividade torna a atividade inviável.

— A mão de obra e os insumos acabam dobrando de preço. Há 3 anos pagávamos um empregado a R$ 10,00 o dia, R$ 20,00 no máximo. Hoje, nós estamos pagando R$ 60,00 a diária. Está encarecendo bastante, enquanto os insumos e inseticidas estão subindo muito — relata.

O alerta e a preocupação se espalham por toda a região, que é a maior produtora do Rio Grande do Sul do pêssego destinado a indústria.

— Com dados da safra passada, se considerarmos 60 milhões de latas, vamos considerar um preço de R$ 2,50, um pouco mais por lata. Então podemos dizer que em torno de R$ 150 milhões é o dinheiro que girou na última safra com o produto beneficiado. Nós deveremos ter uma quebra de safra em torno de 50%, então vai deixar de girar tranquilamente de R$ 150 milhões no ano passado. E aí vem a pergunta: o que essas famílias vão fazer? — afirma o técnico agrícola da Emater-RS, Luis Carlos Migliorini.

— Hoje estou pensando em não parar ainda, mas amanhã ou depois posso mudar de ideia — diz Bosenbecker.