A região de Pelotas, no Sul do Estado, possui mais de seis mil hectares de pêssego tipo indústria e a estimativa para esta safra era de produção acima de 54 mil toneladas. Porém, o clima castigou a fruta e prejudicou o crescimento e a agora a expectativa é colher no máximo 40 mil toneladas.
O produtor Dari Bosenbecker colheu no ano passado quase 500 toneladas, mas este ano não deve passar da metade.
— Temos bastante seca nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril e depois setembro, outubro e agora na colheita, quando a gente precisava de bastante chuva, nós temos chuva abaixo da média — afirma.
Com uma produtividade menor, reflexo de uma quebra de safra, estimada em até 50%, a região que possui mais de 1,3 mil produtores de pêssego, pode ver a área plantada diminuir na próxima safra.
— A área plantada vai diminuir bastante para a próxima safra, em virtude dos produtores de pêssego não terem mais a mão de obra, que é fundamental para a colheita do pêssego, e também pela desvantagem em comparação com o bom preço dos grãos — diz o produtor.
Essa migração também tem a ver com o preço pago ao produtor, que não sofre reajuste há três anos. Hoje, o quilo da fruta está em R$ 0,75 o tipo um, e R$ 0,55 o tipo 2. A primeira opção é maior, tem mais de 57 milímetros de diâmetro. Já a segunda tem de 50 a 57 milímetros. O custo de produção está estimado em R$ 0,54 por quilo. Portanto, a baixa lucratividade torna a atividade inviável.
— A mão de obra e os insumos acabam dobrando de preço. Há 3 anos pagávamos um empregado a R$ 10,00 o dia, R$ 20,00 no máximo. Hoje, nós estamos pagando R$ 60,00 a diária. Está encarecendo bastante, enquanto os insumos e inseticidas estão subindo muito — relata.
O alerta e a preocupação se espalham por toda a região, que é a maior produtora do Rio Grande do Sul do pêssego destinado a indústria.
— Com dados da safra passada, se considerarmos 60 milhões de latas, vamos considerar um preço de R$ 2,50, um pouco mais por lata. Então podemos dizer que em torno de R$ 150 milhões é o dinheiro que girou na última safra com o produto beneficiado. Nós deveremos ter uma quebra de safra em torno de 50%, então vai deixar de girar tranquilamente de R$ 150 milhões no ano passado. E aí vem a pergunta: o que essas famílias vão fazer? — afirma o técnico agrícola da Emater-RS, Luis Carlos Migliorini.
— Hoje estou pensando em não parar ainda, mas amanhã ou depois posso mudar de ideia — diz Bosenbecker.