Quebra na safra da soja da Argentina eleva preços do farelo e favorece o Brasil

Exportação do subproduto está 20% maior no país e é influenciada pela demanda chinesa e pela cotação do dólar

Fonte: Canal Rural

O preço da soja atingiu preços recordes no Brasil e é o farelo de soja que tem puxado o preço do grão, reflexo da quebra de safra na argentina e da forte demanda na China. Mas, segundo especialistas, tudo pode mudar com a colheita da safra nos Estados Unidos, que estimam produção acima de 100 milhões de toneladas.

Na bolsa de Chicago, o contrato de julho do farelo de soja começou o ano valendo em torno de US$ 270 a tonelada. Atualmente, a cotação está acima dos US$ 400, uma alta de mais de 50%, acima da variação do grão, que foi de cerca de 30%, e do óleo, com aumento de 6% no período.

“Uma queda de produção de 5 a até 8 milhões de toneladas que se estima de soja a menos na Argentina desencadeou esta extrema valorização do farelo de soja, que tem uma importância muito grande no comércio local”, disse o analista de mercado de grãos da Informa Economics FNP Aedson Pereira.

A exportação de farelo de soja este ano está 20% maior que no mesmo período do ano passado, já a exportação do grão supera em 37% o exportado nos cinco primeiros meses de 2015, com mais de 30 milhões de toneladas. Além da Argentina, a demanda chinesa aquecida e a cotação do dólar são outros fatores favoráveis ao produto brasileiro, porque o real desvalorizado deixa a soja nacional mais barata.

Incerteza

O mercado está de olho no clima dos Estados Unidos, que pode determinar o tamanho da próxima colheita norte-americana. Este é um momento de incerteza, que reflete em maior volatilidade das cotações.

Para Desirée Brandt, meteorologista da Somar Meteorologia, a próxima safra deve ser boa. “Quando a gente tem este La Niña já bem estabelecido no final da safra de verão dos Estados Unidos, ele favorece o período de colheita porque diminui o risco de excesso de chuva. Então, de uma forma geral, boa parte do andamento da safra vai muito bem e, por enquanto, a gente não vê grandes riscos, a não ser no final da colheita, que seria o risco de geada e apenas para os estados mais ao norte do cinturão”, analisou.

Se a safra americana confirmar a estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, de 103 milhões de toneladas, o mercado pode mudar de direção. “Entrando em agosto e setembro o mercado vai se definir realmente, até antes um pouco já antecipa em função do clima nos Estados unidos. Se correr tudo bem, a tendência natural vai ser de baixa”, concluiu Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).