Daniele Siqueira, da AgRural (consultoria que também deve reduzir sua estimativa da safra brasileira para menos de 70 milhões de toneladas) destaca que em Goiás já foram fechados negócios a US$ 23 para 2012/13.
– Conseguir fechar negócios para o ano que vem neste patamar é muito bom, porque os produtores conseguem cobrir seus custos e ainda ter um retorno bem considerável – disse.
Ela lembra que, a cada ano, a comercialização antecipada vem começando mais cedo, obrigando a consultoria a antecipar seus relatórios sobre essas vendas.
– No ano passado começamos a compilar os dados em maio, e neste ano talvez tenhamos que começar a fazer antes. Mas não dá para saber ainda se isso é uma nova tendência. Talvez se os preços internacionais não estivessem tão bons isso não aconteceria. Mas com certeza é uma característica do mercado no momento – disse Daniele.
Fundos
No mercado internacional, os temores e as incertezas sobre a safra do Brasil vêm dando sustentação aos preços desde dezembro, quando começou o período de estiagem. Na Bolsa de Chicago (CBOT), a média das cotações relativas ao primeiro vencimento, o março, foi de US$ 11,4896 por bushel em dezembro, passou para US$ 12,0994 em janeiro e já chegou a US$ 12,3285 neste mês. Segundo Prince, da Agrosecurity, as cotações podem romper a marca de US$ 13 em breve.
– Em relação ao valor de hoje, os preços ainda podem subir 3% a 4% até abril – disse ele.
Diante desse cenário, fundos e swap dealers elevaram substancialmente seu saldo comprado na CBOT. Segundo Daniele, da AgRural, em 6 de dezembro a posição era de 15,1 milhões de toneladas, a menor desde março de 2009, depois de ter chegado a 40,1 milhões de t em 30 de agosto. Na sexta-feira passada (10) o relatório da CFTC indicava que o volume havia se recuperado para 25 milhões de toneladas.
– De agosto para dezembro houve uma superliquidação. Como estavam vendidos voltaram a comprar em seguida, e com certeza a expectativa de produção menor na América do Sul fez com que os fundos jogassem suas fichas na soja – disse.