– Você tem de olhar para as duas coisas juntas: os preços do açúcar caem, mas os de fertilizantes, gasolina, maquinários também estão caindo – disse ele, que participou nesta quarta, dia 20, do evento Agri & Food Day, promovido pelo Itaú BBA, em São Paulo.
Com relação ao etanol brasileiro, Todd afirmou que o aumento das exportações para os Estados Unidos dependerá da política energética elaborada pela Agência de Proteção Ambiental norte-americana (EPA). Segundo ele, a demanda pelo biocombustível nos EUA tende a crescer em razão da política de Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS), que prevê o aumento do uso de biocombustíveis no país ao longo dos próximos anos. No entanto, essa procura pode ser preenchida por biodiesel ou etanol de milho, a depender das exigências da EPA, avaliou.
Na segunda, dia 18, a consultoria FCStone projetou que o Brasil poderá exportar até 2,6 bilhões de litros de etanol para os EUA em 2013. O número representa apenas 0,686 bilhões de galões dos 2,75 bilhões de galões dos chamados combustíveis avançados que o governo norte-americano pede para serem consumidos neste ano.
Na avaliação de Alexandre Figliolino, diretor do Itaú BBA, o Brasil deveria se voltar para o mercado interno quando o assunto é etanol. Ele comentou que o produto perdeu competitividade nos últimos anos ante a gasolina e que exportações para os EUA, o principal importador, são reguladas pela EPA.
– O etanol mais competitivo ajuda o consumo interno, reduzindo o excedente de oferta, seja pelo aumento de área plantada [com cana], seja pelo aumento da produtividade – afirmou.
Figliolino disse que o setor está inseguro com as mudanças de regras estabelecidas pelo governo e que o Brasil deveria seguir a lógica de mercado.
– As margens estão próximas a zero, ninguém consegue investir. O setor precisa de uma taxa de retorno.
Segundo ele, as recentes alterações na política energética brasileira (reajuste de combustíveis e aumento da mistura de etanol na gasolina) até favorecem a demanda pelo biocombustível, mas ainda não estimulam o setor a investir. Ele diz que a capacidade instalada da indústria deixará de ser ociosa a partir da safra 2014/2015. Assim, se não houver investimento, a produção não crescerá e poderá ocorrer algum choque de oferta.
Levantamento feito pelo Itaú BBA mostra que 36% das usinas do Centro-Sul estão com pleno acesso a capital e que 29% apresentam endividamento adequado. Contudo, 16% precisam passar por algum tipo de recuperação e 18%, por processos de fusão ou aquisição.