Nos últimos dias, as cotações de soja caíram na bolsa de Chicago. No dia 15 de julho, o bushel de soja para agosto foi negociado a U$ 14,53. Cerca de 15 dias depois, o mesmo contrato custa U$ 1,53 a menos, fechando nesta terça, dia 30, em U$ 13,53, queda de 7%. Já o contrato de novembro, que é o mais negociado e trabalha com a próxima safra norte-americana, valia U$ 12,63 por bushel e agora é negociado a U$ 12,53, queda de quase 5%.
O bushel da soja equivale a 20,200 kg do grão.O consultor da FCStone, Glauco Monte, acredita que três motivos causaram as quedas: produtores americanos com estoque venderam soja, as processadoras da oleaginosa reduziram os valores pagos pelo grão e também a ação especulativa na bolsa.
– Os fundos que estavam comprados, que estavam tomando lucros com estas altas do primeiro contrato, visto o aperto do mercado americano, depois das altas começaram a liquidar posições. Isto veio num volume de ordem muito grande e derrubou de forma brusca principalmente as cotações do primeiro contrato – disse.
A mudança de preços na bolsa de Chicago atinge o mercado brasileiro. Em uma cooperativa, em Piracicaba, interior de São Paulo, que vende óleo e farelo de soja, os valores dos produtos caíram 7% após as quedas das cotações no mercado futuro dos Estados Unidos.
– A soja é um produto de exportação e o mercado de exterior é baseado nas cotações internacionais, que são baseadas nas cotações de Chicago. A base de preços é a base de exportação, e ela acaba olhando para o mercado de Chicago, que caiu muito nesta última semana. Então, o preço de exportação também cai e isto afeta toda a cadeia e o mercado interno – disse Monte.
Com preços mais baixos, produtores evitam vender soja, à espera que o valor possa voltar a subir. É o que explica o gerente de negócios e commodities da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), Manoel Perez Neto.
– Os produtores da Coplacana também estão um pouco assustados com estas últimas quedas. Automaticamente seguram um pouco a venda. Nós estamos nos resguardando um pouquinho da compra, pois já temos estoque de soja – disse.
Os preços dos contratos futuros de soja também estão em queda porque existe a previsão de safra recorde nos Estados Unidos com a produção de mais de 90 milhões de toneladas. Mas as lavouras norte-americanas estão em desenvolvimento e ainda são sensíveis as mudanças climáticas que podem diminuir a produtividade. Em um cenário que pode mudar a cada dia, os produtores brasileiros precisam ficar atentos ao mercado.
– Se você pensar que está entrando uma grande safra nos EUA, que a cada semana se consolida, realmente o produtor tem que ficar um pouco atento. Pois talvez as janelas de preços mais elevados vão ficar cada vez mais escassas as oportunidades de vendas – disse Monte.
A negociação antecipada da próxima safra é uma medida para evitar prejuízos caso os preços caiam ainda mais.
– Nós acompanhamos diariamente, quase 24 horas o mercado e informamos os produtores para que eles se atentem dos momentos bons de fixação. O correto não é fixar 100%, mas fazer uma média de preço da produção e, consequentemente, ele cobre os custos de produção – disse Perez Neto.
O que favorece o produtor brasileiro é a cotação do dólar acima dos R$ 2,20. Assim, as quedas em Chicago tem impacto reduzido no país.
– Pelo menos com o cenário atual, a gente pode ter mudanças, mas o cenário de preços para o ano que vem deve ser bem diferente dos dois últimos anos – alertou Monte.
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