Há duas semanas os preços estão em queda, com maior intensidade nos últimos três, quatro dias. Do dia 10 até 17 de junho, a cotação do café caiu US$ 20 na bolsa de Nova York. Os produtores estão mais atentos ao mercado nestes dias, de olho nas informações sobre a crise na Europa e o consumo do exterior, fatores que justificam a queda dos preços.
? Isso tudo leva os operadores de bolsa a liquidar funções, que é o que está acontecendo. Eles não veem nenhum motivo para alta a curto prazo e percebem que pode acontecer alguma coisa na economia que possa derrubar um pouco o mercado ? explica o analista de mercado, Eduardo Carvalhaes Junior.
O analista sentiu o reflexo da queda nos preços, nos negócios que fez esta semana na corretora que tem em Santos, no litoral de São Paulo.
? O produtor de café também quando vê uma oferta mais baixa, acredita no mercado. Ele sabe. Ele esta na fazenda e vendo que a produção foi menor e não vai vender justamente num pico de baixa como este ? complementa.
No mercado físico, em média, a saca de café está a faixa dos R$ 500. A cooperativa onde a gerente de exportação Evelyse Lopes trabalha negocia cafés de 12 mil associados tanto no mercado interno quanto no exterior. Segundo ela os produtores não estão preocupados com queda nos preços e no mercado interno eles estão firmes.
? Nós estamos diante de uma safra menor. A demanda ainda pro café brasileiro de qualidade é grande. Então, não há necessidade de desespero por enquanto ? ressalta.
De acordo com especialistas, os fundamentos de mercado são positivos neste momento. Isto é, estoques, produção, consumo e preços, juntos são favoráveis ao café. Nem a chamada “queda técnica”, outro termo usado pelos especialistas, vai comprometer a produção e o mercado brasileiro. A queda técnica é explicada, por exemplo, pela crise na Europa e queda de consumo.
? A safra está começando a entrar. Não estamos vendo pressão nenhuma por conta dos produtores, de venda. Eles, de certa forma, venderam a preços razoáveis. Estão capitalizados e não há necessidade do momento de vender agressivamente ? relata Evelyse.
Guilherme Braga, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), diz que, apesar do tumulto do mercado neste momento, em breve deve se ajustar. Os números da produção brasileira dão certa garantia disso: nesta safra são mais de 45 milhões de sacas colhidas nos cafezais de todo o país. Isso representa mais de um terço de todo o café produzido no planeta.
Devem ser exportadas mais de 34 milhões de sacas este ano. Como dizem os especialistas, é tanto volume de café que sai daqui para o mundo, que não há um só dia que não sejam feitos negócios com café. Com ou sem crise.
? Normalmente estas crises são muito efêmeras, porque em pouco tempo os fundamentos do mercado equilibram a oferta e demanda, o comportamento do consumo que é positivo. O Brasil colhendo este ano, a safra mais baixa etc, são todos fatores de sustentação dos preços a médio e longo prazos ? relata Braga.