Também segundo Abiove, a preocupação com o impacto dos períodos de estiagem em janeiro sobre a produção brasileira é pequena
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, disse nesta segunda, dia 9, que produtores brasileiros estão segurando os grãos da safra 2014/2015 por causa dos preços futuros mais baixos do que há um ano na Bolsa de Chicago (CBOT), ainda que o câmbio no Brasil esteja compensando parte do recuo.
– O produtor está capitalizado por três safras seguidas extremamente boas, então ainda está conseguindo dosar a sua compra e venda, conseguindo fazer aquele movimento de vender só uma posição para pagar os gastos fixos e deixar a outra posição mais para frente para ver se o mercado reage – destaca Lovatelli.
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A fluidez da logística de soja no país até o momento tem refletido a movimentação ainda lenta de grãos para o exterior, conforme a associação.
– O produtor está segurando. Tanto é que está muito calmo o volume indo para os portos de exportação. Não chegou o produto lá. Isso vai ter que ser compensado no decorrer do ano – lembra.
Segundo Lovatelli, por enquanto, a preocupação com o impacto dos períodos de estiagem em janeiro sobre a produção brasileira é pequena.
Medidas estruturais para garantir concorrência logística
A Abiove defendeu também que, caso a fusão entre a América Latina Logística (ALL) e a Rumo seja aprovada nesta quarta, dia 11, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), sejam adotadas medidas estruturais, e não apenas comportamentais, para garantir a livre concorrência em logística de grãos. Representantes da Abiove devem se reunir com dois conselheiros do Cade para apresentar a demanda em Brasília ainda hoje e já se reuniram com relator do processo em dezembro e janeiro.
– Nossa posição não é contra a fusão; todo mundo quer que o sistema ferroviário seja aperfeiçoado. O que o Brasil mais precisa dentro do agronegócio é uma logística condizente com seu poder de produção. Mas queremos que seja regulada de uma forma isonômica que atenda a todos. Nós somos contra esse risco de monopólio que vem com a fusão – defende o presidente da Abiove.
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O gerente de Economia da associação, Daniel Amaral, salienta que a empresa resultante da operação passaria a ter controle sobre a ferrovia e interesse econômico sobre 45% da capacidade de granéis sólidos do Porto de Santos, gerando incentivos para discriminação de outros usuários.
Essa discriminação poderia ocorrer preterindo outras empresas que têm terminal portuário em Santos em favor dos terminais próprios, segundo a Abiove. Hoje, a ALL tem participação de 50% no terminal 39 em Santos em parceira com a Caramuru e 10% no TGG também em Santos em parceria com a Bunge e com a Maggi. A Rumo tem três terminais: 16, 17 e 19.
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Para evitar a discriminação, a associação defende que a nova empresa seja obrigada a vender os terminais portuários da ALL e Rumo e proibida de participar de licitações para arrendamentos e concessões de terminas portuários na área de influência da ALL durante o período da concessão.
Estadão Conteúdo