O motivo são os preços futuros mais baixos do que há um ano na Bolsa de Chicago (CBOT), ainda que o câmbio no Brasil esteja compensando parte do recuo.
– O produtor está capitalizado por três safras seguidas extremamente boas, então ainda está conseguindo dosar a sua compra e venda, conseguindo fazer aquele movimento de vender só uma posição para pagar os gastos fixos e deixar a outra posição mais para frente, para ver se o mercado reage – destacou Lovatelli.
A fluidez da logística de soja no país até o momento tem refletido a movimentação ainda lenta de grãos para o exterior, conforme a associação.
– O produtor está segurando. Tanto é que está muito calmo o volume indo para os portos de exportação. Não chegou o produto lá. Isso vai ter que ser compensado no decorrer do ano – afirmou o presidente da Abiove.
Segundo ele, por enquanto, a preocupação com o impacto dos períodos de estiagem em janeiro sobre a produção brasileira é pequena.
– (O problema) é muito localizado ainda – disse.
Câmbio incentiva vendas, diz Cepea
Já para o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a expressiva valorização do dólar frente ao real na última semana, quando chegou a R$ 2,772 – maior valor desde dezembro de 2004 –, os produtos brasileiros se tornaram mais atrativos no mercado externo.
Sendo assim, as negociações envolvendo a soja nos portos estariam ganharam ritmo nos últimos dias. Além disso, a demanda internacional também está aquecida, cenário comum nesta época do ano, quando os estoques brasileiros já estão razoavelmente abastecidos.
O frio intenso nas regiões produtoras dos Estados Unidos também ajuda a reforçar a demanda por aqui. Com isso, os preços, que vinham em queda no mercado doméstico, reagiram nesta primeira semana de fevereiro. De 30 de janeiro a 06 de fevereiro, a média ponderada da soja no estado do Paraná, refletida no Indicador Cepea/Esalq, avançou 2,7%, a R$ 59,14 a saca na sexta, dia 6.
O Indicador da soja Paranaguá Esalq/BM&FBovespa, que é baseado em negócios realizados na modalidade spot, referentes ao grão depositado no corredor de exportação de Paranaguá, foi de R$ 62,35 a saca de 60 quilos no dia 6, aumento de 2% em relação à sexta anterior.
Para consultor, vendas em janeiro foram lentas
A comercialização de soja da safra 2014/2015 do Brasil em janeiro avançou pouco, com um recuo nos preços esfriando os negócios e mantendo um atraso considerável na comparação com a média histórica para esta época, apontou o consultor Flávio França Junior.
O novo levantamento de França Jr. apontou para comercialização 34% da nova safra, contra 30% do relatório do mês anterior.
– Esse ritmo segue muito abaixo dos 45% do ano passado e, especialmente, dos 52% anotados em 2013 – afirmou o consultor em nota.
Pela média histórica, 42 % estariam comercializados neste período.
Os preços da soja recuaram mais de 4% em Chicago em janeiro, com reflexo nos mercados locais.
Considerando o potencial inicial de produção trazido pelo levantamento de janeiro, que apontou safra potencial de 95,2 milhões de toneladas, os produtores do país já fecharam a venda 32,3 milhões de toneladas da nova safra.
Consultorias têm reduzido o potencial da safra nacional, citando especialmente problemas no Centro-Oeste.
A safra de soja do Brasil em 2014/2015 deverá atingir 91,9 milhões de toneladas, estimou a consultoria AgRural em seu último relatório, que cortou a projeção em 3,1 milhões de toneladas na comparação com a previsão anterior.
Na sexta-feira, dia 6, outra consultoria, a INTL FCStone reduziu sua projeção de safra de soja do Brasil para 92,8 milhões de toneladas, citando problemas no Centro-Oeste.
Até o final da semana passada, o Brasil havia colhido 9,4% da safra 2014/2015, contra 6,6% na semana anterior e 13% em igual momento de 2014, segundo França Jr. A média para o período é de 8,2%.