O produtor José Corrêa fala com entusiasmo da nova cultura a que vem se dedicando, a plantação do pepino japonês, realizada em estufa.
? Estou pensando em ampliar mais ainda, mexer com estufa de pimentão também ? disse José.
Já quando o assunto é a cultura de feijão, trabalho pelo qual dedicou os últimos 10 anos de vida, a conversa muda de tom. Foram dois anos consecutivos de perda total. Prejuízo superior a R$ 100 mil por culpa das chuvas e do baixo preço. Nem o seguro do Proagro conseguiu receber.
? Eu fiquei sem condições, sem recursos para continuar plantando. Vendi máquina, tudo mais e optei pela estufa, em área menor dá para trabalhar mais tranquilo ? afirmou o produtor.
Quem conseguiu resistir, não desistiu e continuou a apostar no feijão, começa a obter um resultado um pouco melhor. A saca de 60 quilos, que na semana passada custava R$ 90, já subiu de preço. Passou de R$ 100 e chegou a R$ 115. A queda da temperatura vem contribuindo para um feijão de melhor qualidade e preço mais alto.
Para o produtor Dilson Peçanha, que planta duas variedades em 36 hectares, ainda não é o ideal, mas alivia a situação no setor que vem acumulando perdas.
? Ganhar dinheiro não ganha, mas a gente sobrevive disso aí, é mais uma fonte de renda, às vezes ganha, às vezes perde, estamos na luta ? falou Dilson.
A analista de mercado Sandra Hetzel acredita que o preço melhorou, mas não chega aos mesmos patamares do ano passado, quando a saca chegou a ser vendida por R$ 160.
? Eu recomendaria que o produtor venda paulatinamente, não segure muito, pois o mercado de feijão é cheio de surpresas. Mas acredito que, se o produtor segurar um pouco mais até a virada do mês, que é quando melhora a demanda, o preço tende a dar uma melhoradinha ? observou Sandra.