Mesmo antes de a Câmara dos Deputados ter aprovado a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, lideranças do setor já consideravam que a atual ministra da Agricultura, Kátia Abreu, não encontraria apoio para permanecer no cargo. A ministra se posicionou a favor do governo e contra o impeachment, ao contrário da grande maioria das entidades do setor. Agora, com a derrota do governo na Câmara dos Deputados e a maior possibilidade de o impeachment ser aprovado, representantes do agronegócio começam a avaliar nomes de eventuais substitutos para a pasta.
Fontes consultadas pelo Canal do Rural em Brasília afirmam que, na montagem de seu gabinete, Michel Temer deixaria o Ministério da Agricultura para partidos que o apoiaram no processo. Entre os nomes apontados, está o do deputado federal Marcos Montes (PSD-MG), atual presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Também estão na lista de apostas o ex-ministro da Agricultura do governo Lula e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas, Roberto Rodrigues; o ex-secretário estadual de Agricultura de São Paulo João Sampaio; e o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Outras fontes ouvidas por jornalistas citam os deputados federais Alceu Moreira (PMDB-RS) e Tereza Cristina (PSB-MS).
Para o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gustavo Junqueira, o setor não deveria tentar emplacar um ministro do Rio Grande do Sul, da SRB, da Aprosoja, ou de Mato Grosso. “Seria um equívoco. Na minha visão, devemos ter um quadro com visão macroeconômica, que compreenda que o agronegócio responde por 30% da economia e que enxergue o agro com esta visão econômica”, afirmou.
Um dos nomes aventados pelo presidente da SRB é o de Armínio Fraga, economista que assumiu a presidência do Banco Central em 1999, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2009, Fraga foi eleito presidente do Conselho de Administração da BM&FBovespa. Em 2014, foi cotado para assumir o cargo de ministro da Fazenda do candidato à presidência Aécio Neves, caso este vencesse as eleições.
“O ministro da Agricultura não precisaria necessariamente ser do setor, mas alguém que entenda o agronegócio como um setor de vanguarda e que seja capaz de pensar em um projeto de integração do (setor do) Brasil com o mundo”, declarou Junqueira.
Outro nome forte, na avaliação do presidente da SRB, é o do economista Marcos Lisboa. “Ele tem estudado muito o agronegócio e contribuído em reformas importantíssimas, como a Lei de Falências”, afirmou Junqueira. Lisboa é diretor presidente do Insper, instituição de pesquisa e ensino superior, e foi vice-presidente do Itaú Unibanco.
Junqueira também cita os nomes de João Sampaio, Roberto Rodrigues, Marcos Montes e do ex-secretário de Política Agrícola do Ministério Pedro de Camargo Netto.