Stephanes explicou que o Brasil negociava há cerca de um ano com a Itália a exportação de bezerros desmamados. Segundo ele, o país só compra pequenos animais para criá-los em solo italiano. Como o preço do bezerro brasileiro é menor, seria uma boa opção para a pecuária da Itália. Ele ressaltou, no entanto, que a negociação era para criar um programa a longo prazo: a União Européia poderia levar um ou dois anos para autorizar o comércio, e Santa Catarina ? escolhido por ser único Estado livre de aftosa sem vacinação ? deveria demorar mais uns quatro anos para implantar o sistema de pecuária desejado e ainda atingir a capacidade de produção para atender à demanda italiana.
A missão liderada pela vice-ministra italiana da Saúde, Francesca Martini, e pelo Chefe do Departamento de Saúde Pública da Itália, Romano Marabelli, viria a Santa Catarina no próximo domingo, dia 8, e a Brasília, dia 9, para negociar com o governo de Santa Catarina e com o ministro da Agricultura.
O secretário de Estado da Agricultura, Antônio Ceron, afirma que essa suspensão da visita pode atrasar as negociações com a Itália, mercado europeu mais interessado em importar carne e bezerros de Santa Catarina. A reunião de Francesca Martini e Marabelli seria domingo à noite, com o governador em exercício, Leonel Pavan, o secretário Ceron e empresários das agroindústrias.
Desde que as relações diplomáticas entre Brasil e Itália ficaram abaladas com o asilo político concedido pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, ao italiano Cesare Battisti, acusado de quatro assassinatos no seu país, os produtores de carne suína de SC passaram a temer o atraso das negociações. Para Ceron, o Brasil deveria entregar Battisti ao seu país, para que seja julgado.
Os produtores de carne suína de SC estão ansiosos pela abertura de novos mercados porque a crise global derrubou as exportações e os prejuízos são grandes em todas as fases da cadeia produtiva.
O Itamaraty informou que desconhece qualquer problema comercial motivado pelo caso Battisti.