A moradora Gessi da Rosa Fontoura conta que a rua pertencia a Luiz Guaranha.
? A nossa rua é um L. E esse L era de um homem chamado Luiz Guaranha. Na época ele era um viajante, quando ele chegou aqui ainda tinham os negros escravizados. Esse Luiz Guaranha alugava peças para viajantes que passavam no local ? relata.
O quilombo, também conhecido como Luiz Guaranha, abriga pelo menos 70 famílias, segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Segundo Gessi, a busca pela titulação veio depois que estudantes e os próprios funcionários da prefeitura alertaram os moradores mais antigos da história e das raízes do local.
? Eles perguntaram se a gente não sabia que aqui tinha sido um quilombo. Eu disse que eu não sabia. Ninguém sabia. A gente sabia que era um local antigo, de cento e poucos anos. Sabia que o casarão era da Baronesa, a gente tinha mais ou menos uma ideia ? lembra.
A titulação é uma das buscas da comunidade, que ainda quer trabalhar em outras melhorias. Pelo Orçamento Participativo (OP) do município, os moradores conquistaram a construção de algumas das habitações. Eles esperam ainda a reforma e o tombamento do antigo casarão da Baronesa.
No lado social, a associação do quilombo está trabalhando em uma série de atividades para a comunidade, que vai desde o tear para a terceira idade, até a educação para os jovens. O interesse é tanto, que a sede da associação chega a ficar pequena. O presidente da associação, Alexandre Ribeiro, salienta a importância destas atividades para manter os jovens no caminho certo.
? Tem o pessoal da Fundação de Assistência Social e Cidadania que nos apóia bastante. Vem palestrantes que orientam os jovens e as crianças, para que eles não se desvirtuem, que tenham um caminho bom, um caminho correto ? ressalta.
O carnaval também é tradicional na localidade. O Areal da Baronesa foi um dos primeiros e é um dos mais tradicionais blocos da cidade. Gessi acredita que a cultura é importante para manter viva a história da comunidade.
? O primeiro bloco de carnaval saiu do Areal da Baronesa. O primeiro Rei Momo negro também saiu da comunidade. Tem uma força muito grande desta cultura. E esta cultura não vai se perder nunca, agora mais do que nunca, porque a gente está procurando renovar esta história ? acredita.
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