Rastreabilidade pode transformar alimentos do Brasil em produtos premium, diz presidente da Consecitrus

Para OIE, a rastreabiliade não vai solucionar os problemas da cadeia de produção, mas é um meio de garantir a saúde pública e a qualidade dos alimentos aos consumidoresO desafio de implantar a rastreabilidade no Brasil foi tema do painel "Segurança Alimentar e Rastreabilidade", durante o Global Agribusiness Forum (GAF), nesta segunda, dia 24, em São Paulo. Participaram do fórum o ex-secretário da Agricultura da Argentina, Marcelo Regunaga; o presidente da Consecitrus, João Almeida Sampaio Filho; o presidente da J&F e do conselho administrativo da JBS, Joesley Batista; o representante da OIE, Luis Barcos, e o CEO da Adecoagro, Mariano Bosch.

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Segundo o presidente da Consecitrus, a rastreabilidade é uma imposição do consumidor e exigência de diversos países. Para Sampaio Filho, o rastreamento agrega valor ao produto.

– Temos que mostrar a procedência do nosso produto. As carnes hoje são um bom exemplo. Tem gente disposta a pagar mais por um alimento rastreado, pois querem saber da onde veio, como o animal foi criado. Os animais precisam ser rastreados do nascimento ao abate. Se a gente souber essa história, daremos um salto de qualidade enorme. Na fruticultura, temos espaço para ampliar isso. Hoje já tem empresas do setor citrícola que estão fazendo isso muito bem – salienta.

Para Sampaio Filho, o país pode se transformar referência em rastreabilidade.

– Estou convencido de que a rastreabilidade será um bom negócio. Os produtores e a indústrias precisam enxergar com outros olhos esse negócio, pois ele pode transformar nosso alimento em um produto premium – destaca.

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De acordo com Batista, a questão envolvendo segurança alimentar é uma das prioridades da indústria de carnes, mas o Brasil ainda está atrasado na questão da rastreabilidade.

– Temos um gap e precisamos botar um ponto final nessa questão. Em outros países esse assunto nem é mais discutido – afirmou o executivo.

Ele lembrou que a rastreabilidade do produto não é obrigatória nos Estados Unidos e, por isso, a Europa não é um dos compradores. A Austrália, por outro lado, implementou a medida justamente para não perder o mercado europeu.

– Nós já desenvolvemos sistemas de rastreabilidade, falta só definir um posicionamento – explicou.

Batista destacou a importância de o consumidor ter acesso a informações sobre a origem do animal até a carne no supermercado.

– É de extrema relevância o produtor contar a história do seu produto. Caso algum consumidor tenha problema com o produto, temos como descobrir de que produtor saiu o animal da origem da carne. Temos que rastrear para sermos responsáveis pelo nosso produto – afirma.

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O representante da OIE conta que a entidade elabora os termos de padrão de rastreabilidade. Segundo ele, o sistema dos países não precisa ser igual, mas devem informar bem aos consumidores.

– As normas de identificação e rastreabiliade não vão solucionar os problemas da cadeia de produção, mas é um meio de garantir a saúde pública e a qualidade dos alimentos aos consumidores – conclui Barcos.

Foco em commodities

O executivo-chefe da Adecoagro disse que os negócios com commodities agrícolas na América do Sul estão produzindo bons resultados e a empresa argentina vê oportunidade de industrializar esses produtos.

– Trabalhamos com um grupo de commodities bem distribuído que está dando resultado e temos que aproveitar as oportunidades que aparecem – comentou.

Além da Argentina, a companhia atua no Uruguai e no Brasil. No Brasil, a Adecoagro produz cana-de-açúcar na região Centro-Sul e algodão e grãos na Bahia. De acordo com ele, a produção de commodities da empresa saltou de 60 mil toneladas em 2002 para mais de 1,3 milhão de toneladas em 2013. 

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