Acompanhamos as lavouras de soja cuidadas por Pablo Schmidt Rosa, de Mangueirinha (PR) do plantio à colheita. Entenda o que aconteceu por lá e todos os capítulos desta história!
Daniel Popov, de São Paulo
Quando começamos a contar a história do produtor rural Pablo Schmidt Rosa, de Mangueirinha (PR), não poderíamos imaginar que ela representaria as reviravoltas vividas todos os anos por milhares de agricultores. O reality do Soja Brasil surgiu da ideia de acompanhar de perto uma lavoura comum e entender todos os desafios enfrentados até a colheita da soja. De setembro a janeiro Pablo passou da expectativa de colher mais de 70 sacas por hectare, com a lavoura se desenvolvendo muito bem, para a decepcionante marca de 39 sacas por hectare. Entenda como tudo aconteceu e os detalhes desta jornada bastante habitual para quem vive da agricultura.
Tudo começou com a chegada antecipada das chuvas em setembro, bem acima da média para o período. Isso parecia o sinal de que a semeadura da soja também poderia ser antecipada, ainda mais com a previsão de que uma La Niña estava se formando. Muitos produtores fizeram como Pablo e optaram por plantar parte já no dia 10 de setembro, após o fim do vazio sanitário.
“Se for analisar friamente aquele não era o momento ideal para o plantio da soja, pois as horas de luz ainda estavam curtas e as temperaturas estavam mais baixas que o ideal. Mas a opção foi plantar antecipadamente para garantir o plantio do milho safrinha na sequência”, diz Pablo.
Um detalhe na hora do plantio até chamou a atenção, mas não parecia que traria tanta dor de cabeça assim: a pouca palhada sobre o solo, fruto da não rotação de culturas. Mas menos de 20 dias depois uma chuva nem tão volumosa causou escorrimento de água sobre as plantas recém emergidas e mostrou que a falta de palha seria um grande problema.
A falta de palhada na área também trouxe outro problema: o aparecimento de plantas daninhas. “Devido o solo estar exposto aos raios solares diretamente, isso estimulou a germinação de sementes dormentes de ervas daninhas”, afirma Pablo.
A partir dali o otimismo começou a dar espaço a preocupação, aumentada pela invasão de pragas, como a vaquinha (diabrotica speciosa). O excesso de chuva o impedia de entrar com as pulverizações contra as pragas e as plantas daninhas. Além de atrapalhar os trabalhos, o excesso de dias com tempo nublado também retardaram o desenvolvimento das plantas.
“Já estou um pouco preocupado com as plantas. Com vários dias de tempo nublado, chuvoso e temperaturas abaixo do ideal, as plantas de soja estão com dificuldade para se desenvolverem, não estão crescendo como deveriam”, relatou na época Pablo. “Agora vamos torcer para o clima colaborar um pouco, né.”
O céu parecia ter ouvido os pedidos de Pablo e as nuvens deram espaço para o sol fazer seu papel junto as plantas. Em poucos dias de calor, as linhas entre a soja que pareciam nunca fechar, formaram um mar verde e a vegetação parecia ter recuperado parte do tempo perdido e se mostrava vistosa. A produtividade esperada caiu de 70 para 62 sacas por hectare, resultado considerado bom, ainda.
Neste período, o Projeto Soja Brasil visitou as áreas de soja de Pablo em Mangueirinha e de fato, exceto curtos períodos do dia com chuviscos, na maior parte do tempo o sol predominava. O otimismo voltava para o olhar do produtor e os problemas pareciam ter ficado para trás.
“Está enchendo bem os grãos e a expectativa é de uma safra cheia. Encontramos ainda bastante ervas daninhas, por se tratar de uma área com pastagem, mas aos poucos vamos eliminando”, disse Pablo na época.
Parecia apenas. . . Aquele tão esperado sol, resolveu estender sua passagem pela região e já não dava espaço para a aproximação das chuvas. No estado, a cada dia mais casos de lavouras secando completamente apareciam e as lavouras de Pablo começavam a apresentar sinais de problemas.
As temperaturas não ficavam abaixo dos 30ºC, sendo que vários dias superaram a casa dos 38ºC. “As folhas começaram a secar rapidamente, os grãos não enchiam mais e algumas plantas até abortaram as vagens, uma tristeza”, afirmou Pablo na época.
Essa estiagem durou pelo menos 15 dias. Mas ali, parte da área semeada por Pablo já não se recuperaria mais. “O final do enchimento dos grãos aconteceria ali em meados do dia 10 de dezembro e só foi chover depois do dia 15. Eu não queria desanimar meu primo Juarez Alberti, dono de parte da terra que plantei, mas agora acredito que com muita sorte colheremos 45 sacas por hectare”, relatou o produtor na época.
Sabe aquela expressão muito usada para definir coisas que dão errado? A tal Lei de Murphy? Pois é, bastou a soja não ter como se recuperar que as chuvas voltaram para Mangueirinha, ainda assim não foi a tempo de recuperar as plantas e para piorar ainda atrapalharam a dessecação para a colheita.
O resultado foi a triste produtividade final de 39 sacas por hectare, obtida com a colheita do dia 12 a 15 de janeiro.
“Me sinto mal por ver uma lavoura introduzida e manejada com muita dedicação chegar ao final com um resultado tão desanimador, ainda mais sendo um produtor e agrônomo. A nossa parte foi feita nos mínimos detalhes, mas sofremos com o clima. Para a próxima safra de soja iremos buscar variedades melhores e respeitar a janela ideal do plantio”, afirma Pablo.
Se quiser acompanhar capitulo por capítulo do que aconteceu por lá, acesse este link!